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Opinião
Segunda - 25 de Outubro de 2021 às 06:14
Por: Mayara Pinheiro Duarte

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A nova crise hídrica que o país enfrenta, mais uma vez, reforça o quão é urgente a ampliação de estudos tecnológicos que possibilitem o reúso de água em larga escala. O setor de habitação tem sido (e pode ser ainda mais) grande impulsionador nesse processo. Afinal, não há como pensar no futuro da construção civil sem levar em conta o fato de que a água é matéria-prima essencial para todo e qualquer projeto.

Portanto, mais do que uma questão sustentabilidade, trata-se de um imperativo às empresas que planejam manter o equilíbrio financeiro e a competitividade, em cenários a médio e longo prazos, onde é certo que o custo desse recurso natural aumentará, justamente em função de sua escassez, cada vez maior.

Atualmente, segundo dados do Unicef, há mais de 1,42 bilhões de pessoas que já vive em áreas consideradas de alta e de extrema vulnerabilidade hídrica. Desta forma, o reúso de água em larga escala será fundamental para o planejamento da segurança das próximas gerações. E o setor de habitação tem muito a contribuir nesse sentido.

Estudos mostram que o uso racional da água pode diminuir entre 30% e 40% do volume dispendido em obras

Estudos mostram que o uso racional da água pode diminuir entre 30% e 40% do volume dispendido em obras. Já nas moradias, é possível reduzir em até 25% a quantidade de efluentes lançados à rede de esgoto. Num universo de 500 mil moradias, isso representa três mil piscinas olímpicas, por ano.

Ou seja, ao democratizar o reuso da água a partir da inovação dos atuais métodos construtivos, será muito mais efetiva a contribuição que se requer da sociedade em favor de um mundo mais sustentável. A compra de um novo imóvel, sem dúvida, terá um ingrediente a mais de satisfação. Afinal, mais do que um bem para si, será um bem para todos!

Contudo, o avanço tecnológico ainda se faz necessário para se encontrar uma maneira viável, seja em termos econômicos, seja em termos metodológicos, para alcançar esse objetivo.

Em que pesem os investimentos em inúmeros dispositivos de economia e reúso de água, já presentes nos canteiros de obras e nos empreendimentos de grandes construtoras, os ganhos ainda são bastante limitados em face à demanda de consumo - e os custos, por sua vez, elevados.

Aos estudiosos do assunto, cabe o desafio de buscar soluções. Isso vem sendo amplamente estimulado pelas empresas do setor habitacional e, também, por entidades internacionais, a exemplo do Pacto Global da ONU. Sou testemunha desse esforço e, hoje, após 10 meses desenvolvendo estudos junto ao Programa de Jovens Inovadores Sustentáveis (YSIP), me considero parte dele também.

Como analista de sustentabilidade da maior empresa de construção da América Latina, tive a oportunidade de integrar esse projeto em 2020, representando o Brasil, com mais dois colegas de equipe. Os resultados foram apresentados no Young SDG Innovators Summit - evento que integrou o UNGC Uniting Business Live, realizado durante a programação de abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU.

Ainda que a grande solução para o problema continue incerta, caminhos foram descobertos – assim pode-se dizer. Eles passam pelas inovações tecnológicas, e o avanço agora depende do engajamento de startups, universidades e outras organizações dispostas a atuar em sinergia com esse trabalho – que é de interesse geral e tem imenso potencial transformador.

Que sigamos, então, os próximos passos! Afinal, o futuro já é amanhã.

Mayara Pinheiro Duarte é analista de sustentabilidade



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