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Opinião
Terça - 30 de Novembro de 2021 às 06:27
Por: Maria Augusta Ribeiro

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A vida moderna nos trouxe novos desafios. E a tecnologia nos trouxe como resultado de seus avanços uma triste realidade. Estamos produzindo cidadãos com dependência em tecnologia, e principalmente uma geração de dependentes de telas.

A digitalização que caracteriza a sociedade atual está afetando o estilo de vida adotado pelas novas gerações. Do nascimento à morte somos inundados por uma infinidade de dispositivos eletrônicos que não estão sendo tratados como ferramentas, e sim como comandantes de nossas decisões.

Se pensarmos do ponto de vista clínico, a Dependência Tecnológica é quando o indivíduo não consegue controlar o próprio uso das telas, ocasionando sofrimento e prejuízo significativo em diversas áreas da vida.

Mas não é o que todos nós estamos fazendo? Hoje os smartphones, PC, tables, e TVs passaram de suas funções iniciais de comunicação para um mix de ferramentas que estão saqueando mais a atenção do que servindo para melhorar nossas rotinas.

A tecnologia nos trouxe como resultado de avanços uma triste realidade

Diante desse cenário, como saber se sou dependente de telas? De cara, é bom lembrar que a dependência em tecnologia é uma patologia, e somente um médico e/ou psicólogo pode diagnosticar.

Mas, com tantos dispositivos à nossa volta, podemos identificar algumas coisas. Como quando seu companheiro não dorme, não come ou deixa de tomar banho porque suas atenções são para a Internet, ou perde o controle da vida porque fica horas em jogos online.

Quando seu filho fica ansioso ou irritado porque o uso da Internet é restringido. E aumenta quando os esforços repetidos por ter uma vida fora do digital são malsucedidos.

E quantas vezes tem colegas de trabalho com medo de ficar fora do mundo tecnológico, e há uma preocupação excessiva se tem sinal, se o 5g funciona, ou se o e-mail já chegou?

Quando nossos avós acham que andam passando mais tempo online do que deveriam. Sim, são as pessoas com mais de 70 anos alguns dos maiores campões em e-sports do mundo.

Em momentos que alguns de nós mente sobre a quantidade de horas conectados e tem necessidade de aumentar o tempo de uso para sentir a mesma satisfação que antes, mas esconde, porque não quer ser taxado de “viciado em tecnologia”.

Quando crianças com amigos virtuais são levados a redes sociais inúteis para fugir de relações empobrecidas, conflitos familiares e isolamento social.

A total falta de interesse de alguns amigos por uma vida real, com emoções que podemos sentir, não somente almejar.

Com líderes com faces distorcidas por tratamentos estéticos, e selfies infinitas em busca de aceitação na rede social para um marketing de propósito, sem mesmo ter um.

E fenômenos da tecnologia, criando metaverso (é a terminologia utilizada para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais) para gerações, mas colocando seus próprios filhos em escolas com zero acesso à tecnologia, porque sabe dos malefícios das telas.

As pessoas estão perdendo o controle de suas rotinas e usando o tempo de tela para fugir dos problemas. Sim, estamos todos nós dependente de telas, e nossas relações sociais, afeto e opiniões estão em risco.

Ok! E o que fazemos com tremenda informação?

A primeira delas é colocar regra na vida. A máxima de ter hora para acordar, comer, dormir é a premissa de uma vida com menos telas e mais decisões.

Ah sim, já vou avisando: isso dá trabalho, porque ser melhor, vai exigir que você seja exemplo para os seus filhos, que líderes sejam motivadores de suas equipes, e que famílias comecem a exercitar a melhor ferramenta de comunicação de todos os tempos: a conversa cara a cara. Vamos praticar?

Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e netnografia.



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