Nesta sexta-feira completam-se 60 anos do início do conflito.
O Departamento de Estado dos EUA afirmou que a economia da nação comunista é um "caso perdido" devido às suas próprias políticas, e que a Coreia do Norte não pode culpar ninguém, além de si mesma, por seu isolamento e a miséria de seu povo.
AP - 26.jul.50 | ||
Fila de refugiados sul-coreanos deixa Yongdong, tentando salvar seus pertences |
O porta-voz do Departamento de Estado, P.J. Crowley, chamou o pedido de indenização de "absurdo" e reforçou que Pyongyang deve respeitar acordos e renunciar às armas nucleares e parar de ameaçar seus vizinhos.
A Coreia do Norte, que chama o conflito de Guerra de Libertação da Pátria, disse que ele foi iniciado pelos EUA.
Na quinta-feira, a agência de notícias oficial Korean Central News divulgou uma lista com os danos que o Norte diz ter sofrido nas mãos dos EUA desde 1945. A KCNA diz que o Comitê para Investigação dos Estragos Feitos pelos EUA à Porção Norte da Coreia descobriu que o custo total financeiro sofrido pela Coreia do Norte chega a US$ 65 trilhões. A quantia é cerca de cinco vezes a dívida nacional dos EUA.
Críticas e comparações
Em meio a crescentes tensões entre as Coreias do Norte e do Sul, aliada aos EUA, Crowley notou que Seul agora é uma potência econômica e democrática, enquanto Pyongyang sofre sob uma ditadura que destruiu a economia nacional.
"O Produto Interno Bruto (PIB) da Coreia do Sul é agora seis vezes maior que o da Coreia do NOrte, o que, para todos os intentos e propósitos, um caso econômico perdido", disse P.J. Crowley aos jornalistas. "Nós certamente esperamos que a Coreia do Norte olhe para o modelo exemplar de desenvolvimento e democracia da Coreia do Sul e escolha um rumo diferente do atual."
Crowley disse que a situação é uma "tragédia" para os norte-coreanos e colocou a culpa no "comportamento do governo da Coreia do Norte".
"É a hora de a Coreia do Norte aceitar a responsabilidade completa pelo que aconteceu nas últimas seis décadas", disse. "Em vez de entregar uma conta absurda aos EUA de, que?, US$ 65 trilhões, como já dissemos e repetimos várias, várias vezes há uma opção disponível à Coreia do Norte."
O humor neste 60º aniversário do início da guerra é bem diferente daquele visto no 50º aniversário, que ocorreu dias depois da conclusão da primeira reunião entre as duas Coreias em Pyongyang em toda a história.
A Coreia do Sul acusa a Coreia do Norte pelo afundamento da corveta sul-coreana Cheonan, em 26 de março, que matou 46 pessoas. Pyongyang nega a responsabilidade pelo incidente, apesar de uma investigação ter demonstrado o contrário.
As relações já eram ácidas desde que o conservador presidente Lee Myung-bak assumiu o governo em Seul em 2008, com uma linha mais dura em relação ao Norte que seu antecessor liberal.
Manifestações no Norte
Milhares de norte-coreanos se manifestaram na capital Pyongyang nesta sexta-feira para condenar os EUA e a Coreia do Sul no 60º aniversário do começo da Guerra da Coreia. Enquanto isso, Seul pediu que Pyongyang admita responsabilidade pelo afundamento de seu navio em março.
O líder Kim Jong-il não foi visto no evento.
AP | ||
Na Coreia do Norte, soldados e civis participam de manisfestação no centro de Pyongyang |
Uma grande faixa no protesto de Pyongyang mostrava um homem chutando um soldado americano, com o slogan "Exército dos EUA, fora". Outro dizia "Ponha-os para fora com um só soco", segundo gravações da emissora APTN.
Ao menos 120 mil pessoas marcharam pelas ruas, "erguendo gritos de ódio e ira contra os imperialistas americanos e o grupo de traidores sul-coreanos bajulando-os", segundo a agência de notícias oficial Korean Central News.
Soldados e civis lotaram a praça central da capital norte-coreana para gritar frases e ouvir a um discurso condenando os EUA, segundo imagens da APTN.
"Para estabelecer a dignidade de nosso povo e a autonomia de nosso país, nosso povo e Exército vão continuar a fortalecer a força nuclear para autodefesa", disse Kim Ki Nam, secretário do Comitê Central do Partido Trabalhista da Coreia do Norte.
Manifestações no Sul
Em Seul, uma cerimônia lembrou a guerra conhecida como "25/6", pelo dia em que começou. O presidente Lee Myung-back entregou placas de homenagem a representantes de países que enviaram soldados ou suprimentos para ajudar na guerra.
Ahn Young-joon/AP | ||
Veteranos da guerra participam em Seul de cerimônia pelos 60 anos do início da Guerra da Coreia |
"A Coreia do Norte deveria clara e francamente admitir e pedir desculpas por seus erros nessa provocação", disse Lee, referindo-se ao afundamento do navio sul-coreano em março.
Ele também pediu que Pyongyang assuma uma postura responsável em relação à comunidade internacional.
Participaram veteranos sul-coreanos e estrangeiros do conflito, embaixadores internacionais e soldados sul-coreanos e americanos. Os EUA têm cerca de 28.500 soldados na Coreia do Sul.
Guerra
O conflito da Coreia começou nas primeiras horas de 25 de junho de 1950, com um ataque de soldados norte-coreanos ao Sul.
A península Coreana foi dividida em 1945 após a derrota do Japão na Segunda Guerra (1939-45).
Os EUA e outros 15 países enviaram tropas para ajudar a Coreia do Sul, enquanto soldados chineses lutaram com a Coreia do Norte e a União Soviética forneceu apoio aéreo.
Três anos de combate devastaram os dois lados.
A luta terminou com um armistício, não um tratado de paz permanente, deixando a península em um estado de guerra oficialmente.
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