O Estado de Pernambuco informou na manhã desta sexta-feira que as chuvas causaram danos em quase 2.300 km de estradas e em 89 pontes desde a semana passada. O balanço da Defesa Civil aponta ainda 17 mortes e mais de 82 mil pessoas fora de suas casas devido aos temporais.

Segundo o órgão, desse total, 26.200 pessoas estão desabrigadas, ou seja, dependem de abrigos públicos. O número é um pouco menor do que o registrado ontem (26.797). Apesar disso, subiu de 53.518 para 54.066 o total de pessoas desalojadas --estão em casas de amigos e parentes.

Ao todo, 59 municípios pernambucanos foram afetados pelas chuvas. Desses, 30 decretaram situação de emergência e outras nove estão em estado de calamidade pública. Com o reconhecimento da situação de emergência, os municípios podem fazer compras sem licitação, entre outras facilidades.

Já em Alagoas, as chuvas mataram 34 pessoas e fizeram quase 75 mil pessoas deixarem suas casas. Dessa, 47.897 estão desalojadas e outras 26.618 estão desabrigadas. Ao todo, 28 cidades foram afetadas pelos temporais no Estado.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a liberação de R$ 550 milhões imediatos para auxiliar as vítimas das chuvas nos dois Estados. O valor será divido entre os dois Estados, que receberão R$ 275 milhões cada.

Além disso, mais R$ 1 bilhão será destinado para a região via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a reconstrução das pequenas e médias empresas. Lula também anunciou a liberação do FGTS para todos os afetados nas cidades que decretaram calamidade.

  Danilo Verpa/Folhapress  
Pessoas recolhem restos de alimentos enlameados e estragados em supermercado em PE
Pessoas recolhem restos de alimentos enlameados e estragados em supermercado em PE



Inflação

As cheias trouxeram ainda um efeito colateral amargo: a alta dos preços de alimentos e produtos básicos. Também faltam medicamentos. Em Palmares e na vizinha Barreiros, ambas em Pernambuco, ouvem-se queixas. O galão de água chega a R$ 10 --antes, era R$ 4.

Ainda sem energia, uma vela simples é vendida na Venda do Riuna, em Barreiros, por R$ 2. "Era o preço de um pacote inteiro", diz o morador Itaci Saldanha. O pacote de macarrão custa R$ 4, o dobro do valor da última semana. Botas para enfrentar a lama chegam a R$ 50. Quem não pode pagar usa sacos plásticos nos pés.

Segundo comerciantes, a "inflação" se deve à perda de estoques e ao fechamento dos mercados. "Precisamos reforçar a segurança com medo de saques", diz Josué Ribeiro, do Mercado Central.

Em Barreiros, o Mercado da Cida espera que os estoques comecem a normalizar amanhã, com a chegada de produtos e a volta da luz.