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Saúde
Segunda - 16 de Novembro de 2009 às 12:09

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O exame Spect, um tipo de cintilografia e um dos mais usados para detectar obstruções nas artérias coronárias, não diagnostica a doença em estágio inicial. Por isso, sozinho, não é capaz de prever o risco cardiovascular a longo prazo, revela estudo do Methodist Hospital, no Texas, publicado no "Journal of the American College of Cardiology".

O estudo também reforça que o escore de cálcio, exame que avalia a calcificação da placa de gordura, pode ajudar a identificar melhor a chance de um evento cardiovascular a longo prazo, como o infarto.

Os dois exames mostram coisas diferentes. Por isso, dizem os autores, são complementares para medir o risco cardíaco.

O Spect é um exame de imagem que revela o funcionamento do coração, pois indica como o sangue se distribui no órgão. Trata-se de um exame de medicina nuclear, que usa um contraste para verificar a irrigação do músculo cardíaco. Quando há obstruções, áreas ficam sem receber sangue.

"O Spect é o exame de imagem cardiovascular avançada mais utilizado para detecção de obstruções coronárias. Porém, o artigo mostra bem que ele é limitado pois detecta a doença apenas quando está avançada", diz o cardiologista Juliano de Lara Fernandes, pesquisador da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo.

O escore de cálcio, por sua vez, é obtido por meio de uma tomografia convencional. A presença de cálcio nas artérias é sinal da placa de gordura.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores acompanharam durante sete anos 1.126 pessoas sem sintomas e sem histórico de doença cardiovascular. Todos haviam sido submetidos aos dois exames.

Placas

Pacientes com baixo risco no Spect mas com altos níveis de cálcio tiveram uma chance três vezes maior de sofrer um evento cardiovascular no período do estudo. Em alguns casos, segundo os autores, o resultado normal no Spect pode dar uma falsa sensação de segurança.

Isso acontece porque a placa pode começar a se formar ainda na infância. "No início, ela é uma doença da parede da artéria, e não da luz do vaso, já que a placa cresce para fora", explica Raul Dias dos Santos Filho, diretor do departamento de aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Com o tempo, as placas vão crescendo e produzindo uma inflamação. O depósito de cálcio é uma consequência desse processo. "Quanto mais cálcio, maior a chance de um evento agudo ou mesmo de morrer", diz Santos. "O escore de cálcio detecta a doença numa fase mais inicial, quando é possível propor terapias preventivas. Além disso, custa seis vezes menos e tem um décimo da radiação", completa Fernandes.

Muitos autores sugerem que o escore de cálcio deveria servir como uma espécie de triagem para pessoas de risco intermediário. Só deveria fazer Spect quem apresentasse altos níveis de cálcio.

"Ele pode ser indicado para pessoas que têm chance de ter a doença, mas não apresentam sintomas", explica Ibraim Pinto, médico do serviço de diagnóstico por imagem do Hospital do Coração, em São Paulo. Se o resultado for moderado, é possível mudar a conduta clínica, adotando remédios e mudanças no estilo de vida. "Isso ainda não é rotina, mas o estudo reforça esse tipo de recomendação", avalia Santos.





Fonte: Folha de S.Paulo

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