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Politica Brasil
Quinta - 06 de Agosto de 2009 às 14:55
Por: Andréa Haddad e Patrícia Sanch

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Após quase seis horas de sessão e sob protestos, o vereador por Cuiabá, Ralf Leite (PRTB), enfim, perdeu o mandato. A votação, concluída às 14h47, apontou placar de 16 votos a dois. Com a perda do mandato de Ralf, assume Antonio Cesar da Silva (PRTB), o Totó Cesar, que teve 3.045 votos. Ralf é o primeiro vereador da história da Câmara de Cuiabá a ser cassado por quebra de decoro parlamentar. A Casa tem 282 anos.

Antes de perder o cargo, o vereador tentou inúmeras “manobras” jurídicas para arquivar e suspender as investigações da Comissão de Ética da Casa. Com uma liminar expedida pela desembargadora do TJ, Clarisse Claudino, por exemplo, conseguiu protelar a votação do relatório para o segundo semestre. Nesta segunda (3), ingressou com novo recurso no TJ, mas dessa vez o pedido foi negado.

Com fama de brigão, Ralf foi eleito para exercer o primeiro mandato em outubro de 2008, após várias tentativas frustradas de conquistar uma cadeira no Legislativo e, inclusive, na Assembleia. O envolvimento em sucessivas confusões virou motivo de piada, com citações em peças teatrais, pichações de muro e protestos, principalmente de mulheres que se dizem indignadas com a denúncia de espancamento feita pela ex-namorada dele.

O inferno astral de Ralf começou em 6 de fevereiro, quando foi flagrado por dois policiais militares em ato sexual com um travesti menor de idade, na região do Posto Zero, em Várzea Grande. Na ocasião, o vereador teria usado da prerrogativa de exercer cargo público para intimidar os PMs, crime que lhe custou o cargo no Legislativo. No inquérito, foi indiciado por exploração sexual e atentado violento ao pudor. Além desses crimes, o MPE denunciou o vereador por falsificação de documento, desacato à autoridade e corrupção ativa por ter tentado subornar os policiais. Também pede indenização para a reparação dos danos morais sofridos pelo menor.

O segundo escândalo envolvendo Ralf foi protagonizado pela manicure Maria José Aparecida (33). Ela prestou queixa-crime contra o vereador Domingos Sávio (PMDB), relator do processo contra Ralf, por suposta omissão de socorro e exposição a risco de morte. O episódio ocorreu no Lago de Manso, em Chapada dos Guimarães, em 5 de janeiro deste ano. Ao final das investigações, os indícios demonstravam que Ralf “armou” para Sávio e a queixa foi arquivada. As amigas de Maria José, Mayara Nascimento Federici e Suelen Célia Figueiredo, que também participaram do passeio no lago, atestaram que a manicure embolsou R$ 600, oferecidos por Ralf, para fazer um Boletim de Ocorrência contra Sávio.

Não bastasse, a ex-namorada de Ralf, Cristina Gentil, denunciou o vereador por espancamento. Nesse inquérito, ele foi indiciado, inclusive, por tentativa de homicídio.

Votaram pela cassação (16):

Antônio Fernandes (PSDB)

Adevair Cabral (PDT)

Chico 2000 (PR)

Deucimar Silva (PP)

Domingos Sávio (PMDB)

Everton Pop (PP)

Francisco Vuolo (PR)

Ivan Evangelista (PPS)

Leve Levi (PP)

Lúdio Cabral (PT)

Lueci Ramos (PSDB)

Pastos Washington (PRB)

Paulo Borges (PSDB)

Professor Néviton (PRTB)

Roosivelt Coelho (PSDB)

Toninho de Souza (PDT)

Votaram pela absolvição (2):

Ralf Leite (PRTB)

Lutero Ponce (PMDB)

Abstenção (1):

Júlio Pinheiro (PTB)

(16h) - Advogado promete recorrer da decisão de vereadores de cassar mandato de Ralf

O advogado Alfredo Gonzaga anunciou, nesta quinta (6) à tarde, que vai recorrer da decisão do plenário da Câmara de cassar o mandato de Ralf. “Não vamos acatar isso”, reagiu. Ao deixar o plenário, onde fez a defesa oral do cliente, Gonzaga reafirmou que a votação foi inconstitucional por ter sido aberta. Segundo ele, a Constituição determina que seja secreta. “Essa sessão vai ser anulada”, disse.

Ele ainda não definiu, porém, a data e a instância em que vai ingressar com o recurso. “Preciso analisar o processo para ver quais serão os próximos procedimentos”. O advogado voltou a sustentar que houve falhas no processo instaurado pela Comissão de Ética. Também disse que a Justiça ainda não julgou todos os recursos de Ralf no processo em que o vereador foi indiciado por exploração sexual e atentado violento ao pudor. “Não sei qual exatamente será o remédio jurídico que vou utilizar, mas vamos contestar a condução do processo e acredito que o Ralf irá voltar”.

Em plenário, Gonzaga disse que não há como provar o crime de exploração sexual. "Nunca houve pedofilia. O adolescente nunca disse que teve felação com Ralf. Só estavam juntos, mas isso não é exploração sexual".

Em resposta às críticas, o relator da Comissão Processante que investigou Ralf Leite, vereador Domingos Sávio (PMDB), disse não acreditar na possibilidade da decisão ser revertida na esfera judicial. “A Comissão de Ética cumpriu o seu dever e acredito que não há brecha para recurso”. Ele criticou Alfredo Gonzaga por não ter discutido, antes da sessão desta quinta, o envolvimento de Ralf com o travesti menor de idade. “Pela primeira vez o Alfredo decidiu discutir o assunto em si e afirmar que não houve ato sexual. Isso deveria ter sido discutido antes pela defesa”, avaliou.





Fonte: RD News

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