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Saúde
Quarta - 11 de Março de 2009 às 10:18

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Homens acima de 75 anos podem deixar de fazer as dosagens de PSA de rotina. O exame avalia a quantidade de proteína produzida pela próstata, que, se alterada, pode indicar a presença de câncer. A sugestão vem de um estudo da Universidade Johns Hopkins (EUA), publicado na edição deste mês do "Journal of Urology".

Os pesquisadores descobriram que homens que atingem essa idade com os níveis de PSA menores do que 3 ng/ml (nanogramas por mililitros) não correm risco de morrer de câncer de próstata.

O estudo avaliou 849 homens (122 com e 727 sem câncer de próstata) que faziam teste de PSA regularmente. Os resultados mostraram que, entre os homens acima de 75 anos que tinham níveis de PSA abaixo de 3 ng/ml, nenhum morreu de câncer da próstata. Apenas um -com 2,9 de PSA- apresentou alto risco de desenvolver o tumor, mas morreu de outra causa, segundo os pesquisadores.

Já os homens de todas as idades com PSA acima de 3 ng/ml mantiveram os riscos de morrer por conta do tumor de próstata. "Esses homens [que têm PSA abaixo de 3] representam um grupo ideal para descontinuar os testes de PSA", afirmou Edward M. Schaeffer, professor da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.

Com essa estratégia, diz ele, podem-se reduzir "dramaticamente" os custos com os exames de rotina nessa população de idosos. "Além disso, evitam-se riscos de complicações com procedimentos (biopsias, por exemplo) ou tratamentos em idosos que não serão beneficiados por eles."

O urologista Miguel Srougi, professor titular da USP, afirma que a recomendação que os homens devem dosar o PSA rotineiramente é uma verdade até um certo estágio da vida.

"Depois dos 75 anos, alguns estudos já vêm demonstrando que [o exame ou outras terapias no caso do câncer diagnosticado] não adiciona muitos anos de vida com qualidade."

Ainda assim, ele reforça que a decisão de continuar ou interromper a dosagem de rotina do PSA ou optar por cirurgias ou outros tratamentos --no caso de tumor diagnosticado-- deve ser do paciente. "É direito inegociável escolher nossos destinos. Se o paciente tem 80 anos e quer viver até os 100, ele tem esse direito", afirma.

Porém, ele concorda que, em se tratando de sistema público de saúde, a pesquisa tem maior repercussão. "Fica complicado desperdiçar dinheiro público com uma população que não será beneficiada."

No ano passado, uma decisão do Inca (Instituto Nacional de Câncer) em desaconselhar os exames de toque retal e de dosagem de PSA como rotina para diagnóstico precoce de câncer de próstata provocou polêmica.

O instituto recomendou os exames apenas para quem já apresentava sintomas da doença ou tinha histórico familiar, mas, dez dias depois, recuou e disse que a orientação estava errada. Anteontem, Luiz Antônio Santini, diretor-geral do Inca, preferiu não comentar o estudo da Johns Hopkins alegando que o desconhecia.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda exames de toque e PSA a todos os homens acima de 50 anos.





Fonte: Folha de S.Paulo

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