Montadoras dos EUA pedem mais dinheiro ao governo e anunciam demissão de 50 mil
As montadoras de veículos Chrysler e General Motors apresentaram nesta terça-feira seus planos de reestruturação ao Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e pediram novos empréstimos ao governo que ultrapassam US$ 21 bilhões no total.
A Chrysler solicitou ao governo americano um novo empréstimo de US$ 5 bilhões e afirmou que pretende cortar cerca de 3 mil empregos, além de ter anunciado a interrupção na fabricação de três modelos de automóveis.
A empresa já havia recebido um empréstimo de US$ 4 bilhões do governo americano no final do ano passado.
Já a General Motors anunciou que tentará obter um empréstimo de US$ 16,6 bilhões com o governo, além dos US$ 13,4 bilhões que já recebeu.
O plano de reestruturação da GM inclui ainda o corte de 47 mil empregos em todo o mundo e o fechamento de cinco outras fábricas nos Estados Unidos.
Segundo a montadora, o plano permitirá que ela volte a ser lucrativa no prazo de dois anos. A GM ainda afirmou que pagará todos os seus débitos com o governo americano no máximo em 2017.
Cortes
Em dezembro, a GM havia afirmado que diminuiria o número de fábricas nos EUA de 47 para 38 em 2012, mas, nesta terça-feira, anunciou que pretende fechar outras cinco indústrias, o que a deixaria com 33 fábricas no país.
A montadora ainda anunciou que vai reduzir de oito para quatro as marcas de automóveis que produz. Segundo o plano, restariam apenas as marcas Chevrolet, Buick, Cadillac e GMC.
O diretor-executivo da General Motors, Rick Wagoner, classificou o plano apresentado ao governo como "abrangente, responsável, executável e flexível".
"Nós temos muito trabalho pela frente, mas eu estou confiante que isto (o plano) resultará em uma General Motors lucrativa", afirmou.
Concessões
Também nesta terça-feira, o sindicato dos trabalhadores da indústria automotiva dos EUA, United Auto Workers (UAW), anunciou ter chegado a um "entendimento" com GM, Ford e Chrysler sobre mudanças nos contratos dos trabalhadores.
Concessões para o sindicato e para os credores são consideradas condições para que os planos sejam aprovados pelo governo.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos vai agora analisar os planos apresentados antes de tomar a decisão sobre os empréstimos. O anúncio oficial deve ser feito no final de março.
A GM e a Chrysler receberam os primeiros empréstimos por parte do governo no final do ano passado, depois que afirmarem que, sem essa ajuda, corriam o risco de quebrar.
Já a Ford - segunda maior montadora dos EUA - ainda não solicitou empréstimos ao governo, embora tenha afirmado que pode precisar de fundos no futuro.
As três maiores montadoras dos Estados Unidos viram suas vendas caírem drasticamente desde o início da crise econômica.
A eventual falência de uma destas indústrias poderia causar sérios problemas para o setor, com reflexos para fornecedores, vendedores e outros negócios, o que poderia ter como consequência cortes ainda maiores de empregos.
Força-tarefa
Enquanto isso, informações dão conta de que o presidente Barack Obama teria decidido criar uma força-tarefa para lidar com a questão da indústria automotiva. Entretanto, nenhum anúncio formal foi feito até o momento.
De acordo com fontes do governo, o grupo seria uma alternativa ao cargo de "czar dos automóveis" que havia sido cogitado antes por Obama.
Esta força-tarefa seria formada por membros de diversas agências governamentais sob a liderança do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, e do conselheiro econômico de Obama, Larry Summers.
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