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Meio Ambiente
Terça - 27 de Janeiro de 2009 às 14:08

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"A pecuária e o desmatamento na Amazônia na era das mudanças climáticas" é o nome da pesquisa onde revela que mais de 50% das emissões de gases causadores do aquecimento global são causados pela abertura de áreas usadas para a criação de gado. E Mato Grosso responde pela maior parte dessas emissões. Os pecuaristas rebatem dizendo a produção de carne bovina no Estado é modelo para todo o país.

Em dezembro, em Vila Rica (a 1.276 quilômetros da capital), foi registrado um flagrante. Em uma fazenda, as árvores de maior valor comercial foram retiradas. Um tratorista da região relatou que, após a derrubada das árvores, é feito uma limpeza da área e em seguida outros trabalhadores espalham semente de capim. "Depois que o capim crescer é colocado o gado para a pastagem e engorda", explicou o trabalhador.

É assim que, em algumas regiões da Amazônia, a pecuária avança em ritmo acelerado sobre a floresta. O flagrante foi registrado em uma fazenda que, segundo a Polícia Federal, está ocupada por grileiros.

Polêmica entre os pecuaristas

O crescimento do desmatamento não escapa dos satélites que monitoram a região. Os pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma ONG que acompanha a devastação da floresta, analisaram as imagens do impacto da pecuária nas mudanças climáticas. Eles concluíram que de cada 10 áreas abertas para criação de gado, sete são desmatadas. A conclusão gerou polêmica com os pecuaristas de Mato Grosso, Estado que tem o maior rebanho do país: 26 milhões de cabeça.

De acordo com o pesquisador da Imazon, Paulo Barrato, a pecuária cresce muito na região baseada em novos desmatamentos. "As pessoas abrem novas áreas para aumentar a pecuária e isso leva à emissão dos gases do efeito estufa", disse o pesquisador.

Já o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, rebateu. Ele disse que a afirmação anterior significa uma pecuária antiga, sendo que hoje, o pecuarista mato-grossense dá exemplo para todo o país com a ajuda da tecnologia, em como investir em genética e em práticas de sustentabilidade.

Outra conclusão da pesquisa

Outra conclusão do estudo aponta que o desmatamento é responsável por mais da metade dos gases lançados na atmosfera pelo Brasil, o que contribui para o aquecimento global. O pesquisador Paulo Barrato disse que mais de 75% das áreas desmatadas são alocadas para a pecuária. "Como em geral, desmatar uma nova área é mais barato, a tendência é que as pessoas continuem desmatando", afirmou o pesquisador.

E o superintendente da Acrimat Luciano Vacari enfatizou que toda a tividade produtiva contribui para a emissão de gases efeito estufa. "Precisamos saber a quantidade de produção desses animais e saber se o número é muito grande ou não", explicou.

Diagnóstico completo

A Associação dos Criadores de Mato Grosso afirmou que não existem números confiáveis sobre a participação da pecuária na emissão de gases causadores do efeito estufa. A entidade decidiu contratar um especialista que vai realizar um estudo completo. Com o dignóstico em mãos, os produtores vão traçar o futuro da pecuária no Estado, mas descartam qualquer possibilidade de reduzir o tamanho do rebanho.

Segundo ainda Luciano Vacari, não é possível diminuir o rebanho, a não ser que arranje outra alternativa de alimento. "Seria muita irresponsabilidade diminuir o rebanho e deixar de produzir alimentos e avançar nas fronteiras agrícolas", defendeu Luciano.

O técnico da Empresa de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer), Antonimar Marinho, apontou outra alternativa, onde existem áreas degradadas que podem ser melhor aproveitadas. "Nós temos hoje 26 milhões de cabeças de gado que ocupam uma área de 25 milhões de hectare. A ocupação é péssima, porque os pastos não são bem manejados e 75% da produção do capim de brachiaria não recebem nenhuma adubação correta. Precisamos melhorar os pastos para que possamos ter uma ocupação melhor por parte dos bovinos", concluiu o técnico.





Fonte: Redação TVCA

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