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Esportes
Segunda - 27 de Outubro de 2008 às 09:09

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Pouco após ser rebaixado à Série B, o presidente corintiano, Andres Sanches, falava em "mágoa", "mancha" e "time esculachado". Logo após confirmar a ascensão à Série A, na vitória contra o Ceará (2 a 0), no sábado, prometeu títulos nunca antes conquistados pelo clube, que julga ser o "maior".

"Sou a favor de tirar as estrelas e só deixar a do Mundial [o escudo do clube tem cinco estrelas]. Deveria tirar as do Brasileiro. Porque vamos ganhar muitos títulos, Libertadores... E muitas estrelas vão até descaracterizar o uniforme", esbanjou o cartola corintiano.

O discurso de Andres lembra o de Kia Joorabchian em 2005. Naquela época, o então presidente da MSI pregava que o Corinthians se tornaria o "number one" [número um] e teria sucesso internacional.

De fato, os corintianos ganharam um Brasileiro, na elite, mas não conseguiram êxito na Libertadores. Os problemas decorrentes da parceria mergulharam o clube na crise que o levou a cair para a Série B em 2007.

Uma diferença básica é que Kia contava com muito dinheiro para alimentar a megalomania corintiana. Com Andres, a situação é bem diferente.

Em 2008, o clube arrecadou R$ 75,7 milhões até agosto. A manter o ritmo atual, chega a um valor em torno de R$ 115 milhões. Mais baixa do que a do ano passado, é receita similar a dos outros grandes clubes do país, como Flamengo e Palmeiras, mas abaixo da do São Paulo, o que mais fatura.

Há uma perspectiva real de aumento, com o crescimento da cota de TV de R$ 24 milhões a R$ 37 milhões. Mas isso também ocorrerá com os rivais.

"A receita de marketing já cresceu bastante neste ano. Arrecadamos 10% a mais do que o previsto no orçamento. Para o próximo ano, deve crescer muito mais", afirmou o vice-presidente de marketing, Luiz Paulo Rosenberg, ainda antes da ascensão à Série A.

Pesa sobre o Corinthians, dívida considerável, que ultrapassa R$ 100 milhões. E antecipações de receitas, que estrangulam o caixa a criam a necessidade de negociações de jogadores no final da temporada.

Os principais adversários da Série A levam uma vantagem: seus times já são competitivos na elite do país. O Corinthians vive uma incógnita nesta área.

"Tudo serve como parâmetro. Mas temos que saber o valor a cada parâmetro", afirmou o técnico Mano Menezes, sobre a avaliação da qualidade de seu time pelo nível da Série B.

Na Segundona, o Corinthians tem mais gols feitos e menos tomados do que os cinco primeiros da Série A. Só que foi bem pouco exigido, como mostram as 2,6 defesas que Felipe faz por jogo, contra 4,4 defesas de 2007, com o time rebaixado.

A avaliação é parcial, como diz Mano. Mais esclarecedor é o histórico dos times grandes que voltaram da Segundona: Grêmio, Fluminense, Botafogo, Atlético-MG e Palmeiras.

Só o time do Sul voltou a ganhar títulos importantes. Após o primeiro rebaixamento em 1991, graças a um inchaço do campeonato, o time já ganhou uma Libertadores, um Nacional e duas Copa do Brasil.

Mas, desde a sua segunda queda, não venceu campeonatos expressivos, embora tenha sido vice da Libertadores-2007 e lidere o atual Brasileiro.

"A volta do Corinthians é algo bom para o futebol brasileiro", disse Mano no sábado. Quando assumiu o clube, em dezembro do ano passado, foi acometido pela megalomania: "A volta do Corinthians é o maior projeto do Brasil".

Amistoso

Em meio à crise financeira, o Corinthians embarca nesta segunda para Cuiabá, capital do Mato Grosso, para enfrentar o Mixto na terça-feira, às 20h, no José Fragelli, conhecido como "Estádio do Verdão".

O clube não divulgou oficialmente quanto receberá, mas no Parque São Jorge conselheiros falam em até R$ 300 mil.

Em razão disso, o adversário exigiu no acordo para a partida que os corintianos coloquem seus principais jogadores em campo. A seis rodadas do final da Série B, o Corinthians só volta a jogar pelo torneio, que lidera com 70 pontos, no próximo sábado, contra o Paraná, no estádio do Pacaembu.





Fonte: Folha de S.Paulo

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