Rapazes já foram condenados em abril pelo assassinato de um travesti. Mortes ocorreram em intervalo de 11 dias.
Acusados da morte de travestis vão a júri por um dos crimes em Cuiabá

Dois acusados de matar dois travestis em 2011 devem ser julgados nesta segunda-feira (27) pelo Tribunal do Júri, em Cuiabá, pelo assassinato de Maildo Silva de Souza, de 25 anos. O julgamento está marcado para às 13h30, no Fórum da capital. Eles já foram condenados pela morte de Alisson Otávio da Cruz, de 20 anos, em abril deste ano. Um deles foi condenado a 15 e outro a 16 anos de prisão em regime fechado pelo crime. Os assassinatos ocorreram em um intervalo de 11 dias.



A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da Primeira Vara Criminal da capital, agendou o julgamento porque as testemunhas apresentadas pela Defensoria Pública eram as mesmas arroladas pelo Ministério Público Estadual (MPE), que ofereceu a denúncia. Conforme o MPE, a vítima Maildo foi morta em junho de 2011 porque devia a quantia de R$ 200 pela compra de pasta base de cocaína.


 

Na data do crime, a vítima estava usando droga na na arquibancada de um mini-estádio no bairro CPA 3, na capital, quando foi vítima de uma emboscada. Um dos acusados da morte teria atraído o jovem para um local mais escuro para que os demais matassem a vítima com golpes de faca e com pedaço de madeira. Enquanto alguns o agrediam, um o segurava. No crime, a dupla que será julgada teria contado com a ajuda de um adolescente que também foi apreendido.


 

Durante as investigações, um dos acusados confessou à polícia ter matado a vítima a pauladas. No entanto, no julgamento ele negou a autoria do crime e alegou que teria sido forçado a assumir que tinha matado porque foi ameaçado de morte. 


 

Família


 

Logo após o crime, a mãe do travesti Alisson Otávio da Cruz, conhecido como Alicinha, contou que o filho era usuário de droga e que passava por um momento difícil. “A droga levou meu filho”, avaliou Ângela Maria de Carvalho, ao citar que sempre apoiou a opção sexual dos filhos. Além de Alisson, ela tem mais três filhos gays. “Ele foi morto por preconceito. Agora eu espero a justiça de Deus. Meu filho era uma pessoa boa e não fazia mal a ninguém”, disse. A vítima foi morta no dia 28 de maio deste ano com requintes de crueldade. O corpo dele foi encontrado no córrego Gumitá, na região da Morada da Serra.


 

Já o corpo de Maildo foi encontrado na região que fica aos fundos da chamada Lagoa Encantada. A morte foi similar. “Eu desejo justiça. Justiça para meu filho”, afirmou Eulália dos Santos, mãe de Maildo.