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Saúde
Domingo - 15 de Julho de 2007 às 09:21

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A esclerose múltipla (EM), doença auto-imune --causada por um ataque do sistema imunológico contra o próprio organismo--, tende a afetar cada vez mais pessoas, segundo especialistas consultados pela Folha. A EM afeta diretamente o sistema nervoso central e pode levar à perda de movimentos.

Uma das hipóteses para esse aumento na prevalência aponta para as condições próprias da vida moderna. A melhoria sanitária nos centros mais desenvolvidos --com a universalização de vacinas, medicamentos e antibióticos-- pode provocar uma mudança no padrão imunológico das pessoas, argumenta o neurologista da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Charles Tilbery.

"Vivemos em um ambiente mais asséptico, e o organismo fica menos exposto a doenças infecciosas. Quando ativado, o sistema imunológico pode produzir uma hiper-reação", diz.

De outro lado, a falta de vitamina D também pode estar associada ao aumento da prevalência, explica o professor de neurologia da Unifesp Cícero Galli Coimbra. Segundo ele, os países com radiação solar menos intensa têm uma população mais suscetível à esclerose múltipla. Na Europa e no Canadá, por exemplo, a incidência da doença é mais alta.

"E à medida em que há mais progresso, as pessoas ficam mais confinadas, menos expostas à luz solar [matéria-prima da vitamina D]."

A vitamina D age no sentido de tornar o sistema imunológico mais tolerante. "Os estudos mais promissores sobre o tratamento da esclerose múltipla estão baseados nessa questão."

Além de haver um aumento na prevalência, a faixa etária dos pacientes com esclerose múltipla tem diminuído nos últimos anos, afirma a neurologista Christiane Pedreira. "Existe um comportamento de antecipação. A cada geração, a doença se manifesta mais cedo. Hoje, é possível observar uma prevalência mais significativa em crianças e adolescentes".

Estudos insuficientes

Embora um maior número de casos seja observado por alguns neurologistas nos consultórios, não há estudos publicados que demonstrem a evolução da doença. Estima-se que no Brasil a esclerose múltipla afete de 25 mil a 30 mil pessoas. No mundo, são 2 milhões de pessoas afetadas.

Em São Paulo, o último trabalho significativo, realizado em 1997, mostra que a prevalência da doença era de 15 casos por 100 mil habitantes, contra 4,3 casos por 100 mil habitantes registrados em 1992.

Para o chefe do ambulatório de esclerose múltipla do hospital da Universidade de Santo Amaro, Leandro Calia, a falta de dados disponíveis não permite confirmar que esteja realmente havendo um aumento no número de casos. "É uma impressão de consultório, mas as estatísticas são insuficientes", afirma ele.

De acordo com Maria Fernanda Mendes, da Academia Brasileira de Neurologia, o desenvolvimento do diagnóstico da doença é um fator que deve ser levado em consideração.

"A maior prevalência é uma percepção que os neurologistas começaram a ter. Mas existe também uma melhora na divulgação e no diagnóstico", afirma.




Fonte: Folha De S.Paulo

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