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Policia MT
Sexta - 19 de Abril de 2013 às 10:13
Por: Jardel P. Arruda

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Policial que protagonizou várias cenas de truculência em vídeos da ação
Policial que protagonizou várias cenas de truculência em vídeos da ação
O secretário de Estado de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, e o comandante geral da Polícia Militar, coronel Nerci Adriano Denardi, admitiram que os policiais das Rondas Ostensivas Tárico Móvel (Rotam) erraram na ação que culminou em um confronto entre a PM e estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) durante uma manifestação.


 
 
“Houve falta de comando, sabemos isso”, disse o secretário Alexandre, após ter participado de uma reunião da comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, na tarde desta quinta-feira(18). “Eles pularam etapas”, completou.

 
 
A declaração do secretário faz referencia ao fato de os policiais, antes de decidirem abrir fogo – mesmo com munição não letal – sem terem seguido o chamado “uso progressivo da força”. “Primeiro deveria ter sido usado bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e, só então se houver risco de vida, usar as armas de fogo”, disse o coronel Denardi.

 
 
Ainda de acordo com o coronel, é de conhecimento de que a equipe da Rotam presente no confronto com os estudante possuia esses equipamentos. Dessa forma, um dos principais pontos a serem esclarecidos pela investigação do procedimento administrativo interno é descobrir o motivo do gás e das bombas de efeito moral não terem sido utilizados.

 
 
Entre as principais provas analisadas pelo major Esnaldo, responsável pelo procedimento administrativo contra os políciais envolvidos na ação, são as fitas na íntegra do confronto entre a polícia e os estudantes da UFMT. “A imagem não dá para negar”, disse o comandante geral da PM, e lá nós vemos que as etapas foram puladas.

 
 
Por outro lado, segundo major Esnaldo, nos vídeos também são mostradas agressões dos estudantes contra os policiais. “As fitas não estão editadas então podemos ver toda agressão, de todos os lados. E três políciais fizeram exame na Instituto Médico Legal, estou esperando os resultados”, afirmou.

 
 
As possíveis punições administrativas para os policiais envolvidos na ação, caso sejam considerados culpados, é a prisão interna por seis meses ou até mesmo a exoneração da Polícia Militar.

 

Contra estigmatização


 
Se por um lado o secretário de Segurança e o comandante geral da PM assumem que, grosso modo, a Rotam tenha errado na abordagem, ele pedem para que a unidade não seja estigmatizada. “O erro de poucos não pode ser generalizado para toda Rotam nem para Polícia Militar. Somos uma instituição de quase duzentos anos com muitos serviços prestados para a população”, disse Denardi.

 
 
O coronel afirma que a unidade especializada tem funcionado “muito bem”, cumprindo vários ações de apreensões de armas e drogas. “Mesmo depois desse epsódio a Rotam continua trabalhando e está fazendo muito bem o seu papel”, ratificou.

 
 
O caso



 
Um grupo de cerca de 50 estudantes do campus de Cuiabá fechou o cruzamento da Avenida Fernando Corrêa da Costa com a Alziro Zarur, no dia 6 de março, em um manifesto contra o fechamento de vagas na Casa do Estudante Universitário, mas acabaram sendo dispersados por uma ação dos policiais das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam), um grupo da PM especializado no combate à chamada “criminalidade violenta”.

 
 
Mais de 10 alunos foram feridos com tiros de bala de borracha e vários outros agredidos com socos, pontapés e golpes de cassetete, durante a ação da Rotam de desbaratar os manifestantes. Uma aluna teve a mão esquerda fraturada por um tiro de munição não letal disparada a curta distância.



 
Os policiais sofreram ferimentos leves de pedras atiradas pelos estudantes durante o confronto. Segundo a PM, os acadêmicos teriam começado o conflito atirando coisas contra eles, enquanto os acadêmicos dizem ter revidado as agressões dos policiais.



 
Seis alunos, sendo quatro deles feridos, foram presos após o término do confronto.Eles foram levados ao Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) Norte, no bairro Planalto, onde ficaram detidos até terminarem de prestar depoimento e serem liberados. O primeiro deles foi solto às 22h30, enquanto o último saiu às 02h20 da madrugada de quinta-feira (7), após assinarem um termo circunstanciado por terem agredido os policiais.

 
 
Contudo, ainda lá no Cisc a confusão continuou. Os policiais tentaram impedir uma advogada da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat) de acompanhar os alunos e chegaram a detê-la por desacato a autoridade. Outro advogado que estava no local e tentou defendê-la também foi detido.

 
 
Ambos foram liberados pelo delegado plantonista sem nenhum procedimento ser levado à frente pelo fato dele entender que a dupla não fez nada de errado. Mesmo assim o fato não passou sem efeito colateral. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mato Grosso acusa os policiais militares de terem agredido os dois advogados, além de tentar impedir o exercício da profissão, um direito garantido pelo Artigo 7º da Lei Federal 8.906, de 04 de julho de 1994.

 
 
No dia seguinte, a Polícia Judiciária Civil instaurou um inquérito para apurar os abusos da Polícia Militar, com base nas provas reunidas a partir do primeiro depoimento dos estudantes. Também faz parte do inquérito uma série de vídeos e fotos do confronto que circulam na internet e podem ser provas cabais do abuso de força. 





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