Estudo aponta que 12% dos brasileiros marcam hora para sexo
O estudo, da agência de publicidade BBDO Worldwide, ouviu mais de 5.000 pessoas de 26 países e concluiu que, de forma geral (78%), a espontaneidade ainda impera. A pesquisa durou nove meses e inclui mais de 2.500 horas documentadas.
Marcar data para ter relação sexual é uma situação na qual estão o gerente comercial Sandro Sabag, 37, e sua mulher, a bancária Cláudia Bechelli, 36. Pais de dois filhos pequenos, eles dizem que é difícil deixar apenas por conta do desejo.
"Se não marcar hora, não rola", brinca Sabag. "Não temos regra fixa, mas durante a semana, por exemplo, é praticamente impossível. No fim de semana, e mesmo assim só à noite, é mais fácil de conseguirmos."
Conseguir não é modo de dizer. Como Cláudia ainda está amamentando, dorme pouco. "Às vezes, tenho vontade, mas não tenho disposição, e temos que aproveitar", diz. "No geral, é "Vamos"? "Vamos!", conta.
Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto de Sexualidade da USP e autora de "Descobrimento Sexual do Brasil", não é raro que no tempo livre da mulher com filhos pequenos ela esteja esgotada fisicamente. "Mas notamos que, em casais em que a participação masculina nos cuidados das crianças é maior, a disponibilidade sexual da mulher também aumenta."
Em estudo feito pela psiquiatra sobre a vida sexual do brasileiro, 67% dos entrevistados disseram que gostariam de fazer sexo espontâneo, se pudessem. "Mas é algo que não ocorre no cotidiano por causa de trabalho, filhos, limitação espacial, cansaço", diz Carmita.
Segundo ela, quem tem vida profissional e sexual ativa escolhe -mais por necessidade e menos por gosto- ter relações à noite ou pela manhã na semana. "Eles procuram não combinar nada para o fim de semana."
A professora Julia Arantes, 31, contraria isso. Como ela e o namorado ainda moram com os pais, reservam sextas-feiras e sábados para o sexo. "Eu não gosto muito, acho artificial. Às vezes parece que é obrigação, temos que transar porque não transamos a semana inteira."
Doutora em psicologia clínica e professora da PUC, Sandra Dias vê com reserva todo esse agendamento. "Tudo é transformado em objeto de consumo. Até relações amorosas e sexuais, que são da ordem do imprevisto, agora são planejadas."
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