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Educação/Vestibular
Quinta - 26 de Abril de 2007 às 13:23
Por: Jonas Jozino

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O ensino público de Mato Grosso continua deixando a desejar e ostentando posições pífias em todos os rankings nacionais. O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), novo indicador desenvolvido pelo Ministério da Educação, mostra que apenas 0,8% dos municípios brasileiros já estão no patamar considerado ideal pelo governo federal que é a média 6, nota equivalente à média dos países desenvolvidos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos. Mato Grosso não tem nenhum municípios com a média 6. Todos estão abaixo do índice. Na rede estadual, entre as Capitais, Cuiabá fica bem atrás de Palmas, Boa Vista, Rio Branco, Campo Grande e Porto Velho.

No ranking divulgado apenas com as escolas municipais até a quarta série, Cuiabá tem a nota 3,7, um índice considerado pela pesquisa como ruim. O pior município mato-grossense é Itaúba que ficou com 0,7 de média, considerado péssimo. O melhor município do Estado, segundo a pesquisado Ideb foi Curvelândia com 4,6, uma nota abaixo da média pretendida pelo governo que é 6. Na pesquisa até a oitava séria a situação é ainda mais dramática. Cuiabá ficou com a média de 3,2.

Mas se o índice no ranking das escolas municipais Cuiabá está em situação critica, no índice das escolas estaduais em Cuiabá a situação é ainda pior. A média com alunos até a quarta série do ensino estadual foi de 3,4 caindo para 2,8, com alunos até a oitava série, um índice considerado limítrofe entre o péssimo onde estão situadas as mil escolas de pior rendimento do país, que é de 0,3 a 2,7. Campos de Júlio foi o que apresentou melhor índice com alunos até a oitava série, 5,1, mesmo assim não atingiu a marca das 0,8 escolas públicas do país com média 6, que é a proposta federal até 2.022.

A pesquisa mostra que tanto a Secretaria Estadual de Educação quanto a Secretaria de Educação de Cuiabá não estão dando o respaldo necessário para a educação em Mato Grosso e que é preciso mudanças radicais para se chegar a meta nacional que é 6.

Uma professora procurada pelo site 24 Horas News para avaliar os índices alcançados pelas escolas municipais e estaduais em Cuiabá disse que é vergonhosa a situação em que se encontra a educação na capital mato-grossense. “Se você avaliar os índices só nas capitais verá que Cuiabá está nas últimas posições do ranking. Tanto a administração estadual, quanto na municipal mostram que não estão dando a mínima para os nossos jovens, a nossa educação e, principalmente, para melhorar a qualidade de ensino”, disse. Esta professora aponta erros crassos na educação no estado. “A obrigatoriedade de aprovar alunos de uma série para outra sem que estes estejam qualificados para tal”, e diz que tanto o Estado quanto os municípios para conseguirem recursos federais obrigam a aprovação do maior número possível de alunos. Estamos formando analfabetos”, dispara. Outro itém apontado por ela são os baixos salários que obrigam o professor a uma jornada de 40 a 60 horas semanais. “Com os salários que pagam precisamos trabalhar em três ou até quatro escolas para sobreviver. Portanto, fica inviável uma dedicação exclusiva aos alunos”, completa.

O novo índice apresentado pelo Ideb une num mesmo indicador o desempenho dos alunos nos exames Prova Brasil e Saeb (aplicados pelo MEC nas redes de todo o país) e as taxas de aprovação (que consideram a repetência).

O índice aponta que hoje o país tem um Ideb de 3,8 e deve chegar a 6 até 2022, nota equivalente à média dos países desenvolvidos da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos).

Para as redes municipais de ensino - principal foco das políticas anunciadas pelo governo - o objetivo é sair dos atuais 3,4 e chegar em 5,7 na quarta série do ensino fundamental. Uma situação em que Cuiabá terá de melhorar muito, investir alto na formação de professores e mudar a atual política educacional se quiser atingir a meta do governo e até mesmo buscar o topo do índice, uma condição hoje considerada quase impossível. Ainda mais se considerarmos que a meta do MEC é que o as notas passem a variar de 3,8 a 8,1, o que demonstra que todos os municípios terão que melhorar, mesmo os poucos que já estão acima da média projetada para 2022, o que não aconteceu com nenhum município mato-grossense.

Hoje, só 33 dos 4.350 municípios avaliados já estão nesse patamar. São Paulo é o Estado que possui mais municípios nesse grupo (11), todos no interior.

Os dados do Ideb serão colocados hoje no site do Inep, instituto de pesquisas do MEC. E são divulgados exatamente quando o governo Lula resolve instituir um piso para os professores de R$ 850,00 para uma jornada de 40 horas semanais, mas só a partir de 2010, o que é considerado irrisório pela categoria. “Como viver com um salário destes em 2010. Hoje já é impossível. Imagina daqui três anos”, disse um professor de nível superior que tem esposa e dois filhos para cuidar. “Ao invés de melhorar querem achatar ainda mais a renda do professor. É por isso que o nosso ensino está cada dia pior”, disse.

Além de monitorar o andamento das políticas de melhoria lançadas pelo governo federal, o Ideb também foi utilizado para identificar os mil municípios com os piores indicadores de qualidade de ensino.

Essas cidades receberão apoio técnico do MEC. As que tiverem poucos recursos também contarão com uma verba extra do governo federal, que diz já ter reservado R$ 1 bilhão para o projeto.

O Ideb mostra que esses mil municípios têm notas entre 0,3 a 2,7. E muitos deles estão em Mato Grosso, onde o índice aponta que o ensino público do Estado é um dos piores a exemplo do que acontece no Nordeste.

Procurados pela reportagem nem o secretário estadual de Ensino, Luiz Antônio Pagot e muito menos o secretário municipal de Ensino de Cuiabá, Carlos Carlão Nascimento, foram encontrados para falarem sobre o índice e a péssima classificação de Mato Grosso no índice. As assessorias dos dois secretários disseram que os titulares estavam em reuniões e não podiam atender seus celulares.

Confira a situação dos principais municípios mato-grossenses no ranking do Ideb

4ª série – Ensino Municipal

MT CUVERLANDIA 4,6

MT ARAGUAIANA 4,5

MT NOVA MARILANDIA 4,5

MT SANTO ANTONIO DO LESTE 4,5

MT LUCAS DO RIO VERDE 4,4

MT RIO BRANCO 4,4

MT CAMPO VERDE 4,3

MT DIAMANTINO 4,3

MT AGUA BOA 4,2

MT NOVA MUTUM 4,2

MT RONDONOPOLIS 4,2

MT PORTO DOS GAUCHOS 4,1

MT TAPURAH 4,1

MT APIACAS 4,1

MT CASTANHEIRA 4,1

MT GENERAL CARNEIRO 4,0

MT SINOP 4,0

MT ARENAPOLIS 4,0

MT NOVA CANAA DO NORTE 4,0

MT JACIARA 4,0

MT COMODORO 4,0

MT ALTA FLORESTA 4,0

MT TABAPORA 3,9

MT ALTO GARCAS 3,9

MT ARAPUTANGA 3,9

MT VARZEA GRANDE 3,9

MT MARCELANDIA 3,7

MT ARIPUANA 3,7

MT CUIABA 3,7

MT NOVO MUNDO 3,6

MT SAO JOSE DOS QUATRO MARCOS 3,6

MT JUARA 3,6

MT ITIQUIRA 3,5

MT CAMPO NOVO DO PARECIS 3,5

MT CACERES 3,5

MT PRIMAVERA DO LESTE 3,5

MT SANTA CARMEM 3,5

MT SORRISO 3,5

MT ITAUBA 0,7

8ª série – Ensino Municipal

MT JURUENA 4,3

MT SINOP 3,9

MT SORRISO 3,6

MT CUIABA 3,2

MT BARRA DO GARCAS 4,0

MT NOVO SANTO ANTONIO 1,8

4ª série – Ensino Estadual

MT QUERENCIA 4,9

MT AGUA BOA 4,3

MT APIACAS 4,3

MT ARAPUTANGA 4,3

MT ARIPUANA 4,3

MT SORRISO 4,3

MT ALTA FLORESTA 4,0

MT BARRA DO GARCAS 4,0

MT CUVERLANDIA 4,0

MT DIAMANTINO 4,0

MT JAURU 4,0

MT MARCELANDIA 4,0

MT TABAPORA 4,0

MT TAPURAH 4,0

MT CACERES 3,9

MT CONFRESA 3,9

MT JUARA 3,9

MT JUINA 3,9

MT NOVA CANAA DO NORTE 3,9

MT PARANAITA 3,9

MT PORTO ALEGRE DO NORTE 3,9

MT PRIMAVERA DO LESTE 3,9

MT RESERVA DO CABACAL 3,9

MT CUIABA 3,4

MT VARZEA GRANDE 3,3

MT SAO JOSE DO POVO 2,0

8º Série – Ensino Estadual

MT CAMPOS DE JULIO 5,1

MT AGUA BOA 3,9

MT ARENAPOLIS 3,9

MT CONFRESA 3,9

MT NOVA XAVANTINA 3,9

MT TORIXOREU 3,9

MT SINOP 3,3

MT TANGARA DA SERRA 3,1

MT RONDONOPOLIS 3,0

MT CUIABA 2,8

MT SORRISO 2,8

MT ALTO ARAGUAIA 1,6

Os dados do Ideb serão colocados hoje no site do Inep, instituto de pesquisas do MEC.





Fonte: 24 Horas News

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