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Meio Ambiente
Domingo - 11 de Março de 2007 às 20:33

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Rio de Janeiro - O presidente do Programa Internacional da Geosfera-Biosfera (IGBP), Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disse hoje (11) que o governo brasileiro ainda não encontrou a fórmula para livrar o país dos efeitos negativos da agricultura na emissão de gás metano. Nobre participou da abertura do 1º Simpósio Brasileiro de Mudanças Ambientais Globais, promovido no Rio de Janeiro, pelo Inpe e a Academia Brasileira de Ciências.

Considerado um dos mais perigosos gases poluentes da atmosfera, o metano é emitido pelo rebanho brasileiro, que é um dos maiores do mundo. Segundo informou Nobre, o Brasil tem “o maior rebanho do mundo e a maior emissão de metano vem da agricultura, dos rebanhos”.

Ele destacou que cada molécula de metano, potencialmente, tem um efeito estufa maior. “Só que o metano existe na atmosfera em quantidades muito menores que o gás carbônico. Hoje, a quantidade de metano na atmosfera é umas 250 vezes menor que o gás carbônico. Então, o efeito de todo o metano na atmosfera para aquecer o planeta é mais ou menos um quarto do gás carbônico. Isso tem que ser levado em conta. O gás carbônico é o principal gás de efeito estufa globalmente”, explicou.

Esse fato, segundo o pesquisador, não anula a urgência de se reduzir as fontes de metano. Ele informou que o Brasil tem inúmeros projetos para evitar que o metano gerado pelo lixo chegue à atmosfera. Salientou, porém, que a fonte principal desse gás não são os lixões.

“No caso do Brasil, são os bois. E aí a questão é muito mais complexa. A ciência precisa avançar muito para entender melhor essas emissões dos bovinos”. É através do arroto, na pré-digestão, que os bovinos emitem gás metano do alimento ingerido.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está medindo a emissão de metano pelo gado, com a finalidade de descobrir a quantidade emitida, informou Carlos Nobre. Ele acredita, contudo, que o mais importante é saber se há condições de reduzir as emissões dos bovinos.

“Essa pesquisa precisa ser feita. Ela é importante mundialmente e, no Brasil, é particularmente importante. O conhecimento sobre os processos de gestão animal indicam que seria até desejável diminuir a emissão de metano dos ruminantes porque o metano tem energia. Se o boi está expelindo metano é porque a digestão não conseguiu retirar toda a energia do alimento. Está voltando um gás que ainda tem energia”, constatou.

Para o presidente do IGBP, a descoberta do aproveitamento integral do alimento que o gado come, seja pastagem ou ração, de modo a que os bois não emitam mais metano, tem vantagens potenciais até para a produção de gado e leite. Ele afirmou, contudo, que esse é um assunto ainda muito pouco explorado no país.





Fonte: Agência Brasil

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