Piloto de Boeing teria pedido para subir antes de bater em jato
A informação, vinda de pessoas ligadas ao setor da aviação brasileira, pode explicar o que provocou o acidente, considerado o maior da história do país e que vitimou 155 pessoas. Segundo essa hipótese, o Boeing, no momento em que ampliava a altitude de 35 mil pés para 39 mil pés, poderia ter se chocado com o Legacy, que estava na faixa dos 37 mil pés.
Ontem, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que, em depoimento, os pilotos do Legacy que colidiu com o Boeing afirmaram que os equipamentos do aparelho estavam em perfeita ordem antes e depois do incidente, ocorrido na última sexta.
Eles disseram que equipamentos como o transponder, a antena que envia e recebe dados do avião, e o dispositivo para evitar colisões em pleno ar, estavam ligados da decolagem em São José dos Campos até o pouso em Cachimbo (PA). De acordo com o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, isso terá de ser comprovado ou não a partir da análise da caixa-preta do Legacy.
O equipamento, que registra o funcionamento dos instrumentos de bordo e a comunicação entre os pilotos e o controle aéreo, já está sendo analisado. "A única coisa que dá para afirmar por enquanto é que houve a colisão", disse a diretora da Anac Denise Abreu.
Ela não deu outros detalhes sobre as investigações ou sobre aspectos técnicos, dizendo que isso caberia à Aeronáutica, mas afirmou ser "praticamente zero" a possibilidade de que tenha havido falha do controle aéreo, o que dá a entender que, para a agência, a falha ocorreu em uma das duas aeronaves.
Segundo a reportagem apurou, o Legacy sumiu das telas dos radares já antes do choque. O presidente da Anac não quis comentar a informação, mas indiretamente admitiu aquilo que a Aeronáutica sempre faz questão de negar: que há a possibilidade de haver "pontos cegos" na cobertura de radar do país.
Relatório
Os Cindactas (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo) 1 e 4, responsáveis pelo controle de todo o tráfego aéreo nas regiões Norte, Centro-oeste e Sudeste do Brasil irão entregar nos próximos dias ao Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) um relatório completo de tudo o que ocorreu durante os vôos do Boeing da Gol e o Legacy.
De acordo com o coronel aviador Eduardo Antonio Carcavallo Filho, responsável pelo Cindacta 4, o cruzamento das informações das rotas utilizadas pelas duas aeronaves poderá esclarecer parte do que ocorreu no ar, na tarde da última sexta-feira.
O coronel também disse que ainda não é possível determinar se algum dos aviões desapareceu ou não dos radares dos centros de controle da Aeronáutica e também qual das duas aeronaves pode ter alterado a sua rota original.
A Folha tentou contatar durante a tarde de ontem, por telefone, os responsáveis pelo Cindacta 1. Todos os funcionários diziam estar proibidos de dar informações e que todas elas serão passadas em momento certo pelo setor de comunicação da Aeronáutica.
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