Analista diz que área ambiental será maior desafio
"Existe uma possibilidade grande de o Brasil sair da lista de país beneficiado do Protocolo de Quioto e passar para a lista de países que devem cumprir metas. Afinal, estamos em quarto lugar no rol dos que emitem gases que agravam o efeito estufa", avaliou Souto Maior.
Segundo ele, como o Brasil não foi responsável por grandes índices de emissão de gás carbônico nos últimos 40 anos, o país pode 'vender' créditos de carbono a outros países que têm metas a cumprir na redução de suas emissões.
Assinado em 97 por países que integram as Nações Unidas (ONU), o Protocolo de Quioto entrou em vigor no ano passado com a adesão da Rússia e prevê a redução da emissão dos gases que agravam o chamado efeito estufa, um fenômeno natural que possibilita a vida na terra. Isso está associado às mudanças climáticas registradas nos últimos anos.
A previsão do pesquisador se baseia no fato dos índices de desmatamento em todo território brasileiro serem cada vez mais crescentes. Em 500 anos, já se perdeu 300 milhões de hectares de cobertura vegetal.
Na Amazônia, região responsável por 75% dessas perdas, a taxa média de desmatamento anual entre 1990 e 2004 foi de 1,7 milhões de hectares. Ou seja, em 14 anos, perdeu-se o equivalente a 1,7 milhões de campos de futebol em florestas só na região amazônica.
O Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica são outros biomas também pressionados. Há estudos de organizações não-governamentais e também de empresas de pesquisa vinculadas ao governo mostrando que a situação do Cerrado é crítica. Com o avanço da soja, o bioma perde 30 mil quilômetros quadrados por ano.
"Praticamente três quartos do desmatamento brasileiro são produzidos na Amazônia, mas há estudos desenvolvidos recentemente mostrando que, se o desmatamento no Cerrado continuar no ritmo atual, daqui a 40 anos, não vamos ter um metro quadrado sequer de cerrado no Brasil", alerta. A soja também avança na Amazônia, onde o desmatamento é causado ainda pela exploração madeireira e pela pecuária, que avançam com a fronteira acgrícola.
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