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Cultura
Segunda - 18 de Setembro de 2006 às 10:13
Por: João Negrão

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"Ninguém chega em casa sem uma intriga. A intriga chega junto com o pão pela manhã, ou a qualquer hora do dia. A pessoa chega em casa e conta quem encontrou, como estava, com que roupa...". A afirmação é da escritora carioca Nélida Piñon, para exemplificar que "a intriga ainda é um dos amparos da literatura, é ela que sustenta a estrutura narrativa".

A intriga aqui obviamente entendida, observa Nélida, não como um processo de difamação e conspiração, mas justamente o emaranhado das histórias cotidianas do povo. "Pois é daí que extraio minhas histórias. Eu não sou nada sem as intrigas do povo", complementa.

Nélida participou na tarde deste sábado (16.09) da Literamerica 2006 – Feira Sul-Americana do Livro. "A arte de inventar a mentira para dizer a verdade" foi o sugestivo nome da palestra proferida por ela no Auditório das Flores do Centro de Eventos do Pantanal, onde está acontecendo a feira.

"A verdade numa ficção é aquela que se ajusta numa histórica bem contada", diz Nélida, para mais adiante concluir: "A ficção é uma deslumbrante mentira. A mentira na ficção comove porque ela toca em valores morais".

O espaço ficou lotado de escritores, estudantes e público em geral para ouvir a escritora e, em seguida, debater com ela. "O que mais impressionou é seu conhecimento geral. Nélida é extremamente culto e acho que este é um requisito imprescindível para ser escritor", observou a estudante de Letras, François Antunes.

Dicke na ABL

Desde sua chegada a Cuiabá, ainda na sexta-feira, Nélida Piñon manifestou o desejo de conhecer pessoalmente o escritor mato-grossense Ricardo Guilherme Dicke. Ela já conhecia parte de suas obras e ouvido falar dele nos meios literários. Conta que leu, entre outros “Deus de Caim”.

O encontro foi promovido por Ramon Carlini, da Carlini & Caniato, editora de Guilherme Dicke. Nélida e o escritor mato-grossense, acompanhado de sua esposa, se encontraram pelos corredores do pavilhão de exposições do Centro de Eventos do Pantanal. Ela visivelmente emocionada, não escondeu o entusiasmo e pediu para que ambos pudessem conversas num lugar mais tranquilo.

A conversa aconteceu na sala vip da Literamérica, com a presença do também escritor e poeta Juliano Moreno. Nélida e Dicke conversaram muito sobre sua trajetória e ela ficou curiosa com o fato de ele ter preferido viver em Cuiabá.

“Infelizmente o Dicke é vítima de uma época em que só era reconhecido quem vivesse no eixo Rio-São Paulo. Hoje não existe mais isto, mas antigamente era assim. Infelizmente”, lamentou ela. Mas a escritora carioca se disse muito feliz por saber que Dicke continua produzindo e publicando.

No meio da conversa, Dicke manifestou um desejo: ser membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), no que Nélida, de pronto, se declarou sua cabo eleitoral, dando inclusive dicas de como ele deveria proceder para pleitear uma eventual vaga. Dali nasceu a campanha.





Fonte: Da Assessoria

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