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Internacional
Sexta - 11 de Agosto de 2006 às 17:27

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A expansão da ofensiva israelense no Líbano deve começar dentro de algumas horas, mesmo que as negociações sobre uma resolução pedindo cessar-fogo continuem transcorrendo no Conselho de Segurança da ONU, informou uma porta-voz do governo de Israel.

A porta-voz de Israel, Miri Regev, declarou à rede de TV americana CNN que as novas incursões contra posições do grupo terrorista Hizbollah podem começar "logo, e logo significa certamente dentro de horas".

Autoridades israelenses afirmaram que a ação militar pode ser cancelada se uma resolução pedindo o fim do conflito satisfaça as demandas de Israel.

"Não há dúvida de que qualquer tipo de operação militar possa ser suspensa a qualquer momento", ressaltou a porta-voz.

O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o Ministro da Defesa, Amir Peretz, ordenaram ao Exército que se prepare para lançar uma ofensiva terrestre ampliada no Líbano, segundo uma autoridade citada nesta sexta-feira pelo jornal israelense "Haaretz".

A ampliação, aprovada na última quarta-feira (9), autorizou o avanço das tropas israelenses, que devem ir além do rio Litani [principal provedor de água à região], de onde são lançados a maioria dos foguetes contra seu território. O objetivo é o de ocupar uma área de cerca de 30 km, com 40 mil soldados [30 mil a mais que o número atual] --o que levaria cerca de uma semana.

A decisão de ordenar a ampliação da ofensiva, segundo a autoridade, que não foi identificada, teria partido da decisão libanesa de não aceitar pontos da resolução considerados importantes por Israel, sem especificá-los.

Apesar disso, o embaixador de Israel na ONU, Dan Gillerman, afirmou que seu país continua envolvido nas negociações de uma resolução sobre o conflito entre as forças israelenses e o grupo terrorista Hizbollah.

Violência

Ataques aéreos israelenses atingiram o sul do Líbano e áreas na fronteira da Síria nesta sexta-feira, matando ao menos 15 pessoas em meio à intensificação da ofensiva terrestre de Israel no país árabe.

O Hizbollah anunciou hoje a morte de quatro membros do grupo terrorista libanês, sem especificar, no entanto, quando ou onde as mortes ocorreram.

Aviões dispararam duas vezes contra uma ponte movimentada em Abboudiyeh, na fronteira síria, matando ao menos 12 pessoas e ferindo outras 18, segundo fontes da segurança e médicas. O posto de controle na fronteira localiza-se a cerca de 15 km da costa do mar Mediterrâneo, no lado libanês.

Israel também atingiu outro ponto perto da fronteira síria, em Masnaa, no vale do Bekaa, a cerca de 50 km ao sudeste de Beirute, mas não houve registro de vítimas.

Masnaa, principal ponto de travessia entre o Líbano e a Síria, foi fechado depois de quatro ataques anteriores. Ele era a mais importante rota de fuga para centenas de estrangeiros e cidadãos libaneses foragidos do país em guerra.

Aviões israelenses também bombardearam três veículos perto da cidade de Baalbek (leste), matando ao menos uma pessoa e ferindo outras duas, de acordo com autoridades da segurança. Testemunhas afirmaram que os disparos contra os veículos foram certeiros.

Mísseis disparados a partir de aviões não tripulados mataram um homem em uma moto em uma estrada costeira no sul do país, entre Sidon e Tiro.

Os ataques aéreos também tiraram a vida de uma outra pessoa em um carro em Jbaa, na região central do sul do Líbano, disseram autoridades. Aviões também atingiram a vila de Harouf, ferindo sete pessoas, segundo autoridades.

Tropas israelenses entregaram a forças das Nações Unidas três civis libaneses que haviam sido presos há três dias, informaram responsáveis libaneses. Eles foram posteriormente encaminhados para a polícia do Líbano.

O Hizbollah afirmou ter realizado uma nova série de disparos contra a cidade de Haifa, em resposta à ofensiva de Israel. Posteriormente, o grupo disse também ter lançado foguetes contra Kiryat Shemona, Nahariya, Avivim, Kfar Giladi, Margelot e Metulla, em represália "aos contínuos ataques sionistas contra civis libaneses".

O movimento xiita informou ter matado quatro soldados israelense em Qantara, a cerca de 8 km da fronteira israelense.

As Nações Unidas divulgaram um comunicado no Líbano explicando que um membro de origem francesa da sua força de paz foi levemente ferido nesta quinta-feira, ao ser atingido por um foguete Katyusha na cidade de Naqoura. O projétil alcançou a base da Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano) na cidade fronteiriça.

O Exército de Israel ainda não se manifestou sobre os comunicados do Hizbollah.

Israel atacou 130 alvos no Líbano e anunciou a morte de 20 membros do Hizbollah nas últimas 24 horas. O Hizbollah também lançou 15 foguetes contra Haifa, no norte de Israel, ferindo três civis.

Um dos projéteis era um míssil terra-terra sírio do tipo Khaibar, carregado com cerca de 90 quilos de explosivos, que caiu em um edifício residencial, causando graves danos, mas sem deixar vítimas. Os moradores do prédio tinham fugido anteriormente para outra região do país.

Fontes policiais disseram acreditar que um dos três mísseis que caíram no distrito de Haifa e em seus arredores também era do tipo Khaibar. Os projéteis causaram vários incêndios. Além dos danos gerados pelos foguetes em edifícios, veículos estacionados na rua se incendiaram. O Comando da Defesa Civil reiterou hoje o pedido à população israelense para que se mantenha alerta. Ontem, Israel assumiu o controle da cidade estratégica de Marjayoun --predominantemente cristã, e que fica a 8 km da fronteira--, que foi usada como base militar de Israel durante os 18 anos de ocupação do território libanês. Durante a operação, houve intensos ataques de artilharia, com apoio aéreo, contra a cidade de Khiam e redondezas, onde haveria bases do Hizbollah. Além de Marjayoun, os israelenses também tomaram Qlaiah, e impuseram toque de recolher às duas cidades. Diplomacia Ontem, a Rússia apresentou ao Conselho de Segurança (CS) da ONU um projeto de resolução que pede trégua de 72 horas e ação urgente para as questões humanitárias. O embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton, afirmou que a resolução franco-americana para pôr fim ao conflito poderia ser votada nesta sexta-feira. "Nós encerramos alguns pontos de divergência com a França", disse. EUA e a França têm buscado resolver diferenças sobre o prazo para a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano e alcançar um entendimento sobre a resolução. O documento russo também manifestou horror frente ao número de mortos do conflito. Desde o último dia 12, quando o Hizbollah seqüestrou dois soldados israelenses, em ação que deixou ainda oito soldados israelenses e dois membros do Hizbollah mortos, forças israelenses atacam o Líbano por terra, ar e mar, deixando inúmeras cidades libanesas destruídas, sem luz, água e telefone. Em resposta, o Hizbollah lança foguetes: mais de 3.000 já atingiram o norte de Israel. Mais de mil pessoas morreram no Líbano, a maioria civis --sendo 30% deles crianças com menos de 12 anos. No lado israelense, as baixas somam 123-- entre soldados e civis, que também inclui mulheres e crianças. União Européia O primeiro-ministro finlandês, Matti Vanhanen, cujo país está na Presidência da União Européia, pediu hoje que os membros do Conselho de Segurança da ONU e os governos israelense e libanês façam "juntos o esforço necessário" para definir o mais rápido possível uma resolução que coloque fim "ao desastre humanitário" no Líbano. Em carta dirigida ao primeiro-ministro do Líbano, Fouad Siniora, o presidente rotativo do Conselho Europeu faz uma chamada pessoal a favor de uma "solução rápida e viável", sob a autoridade do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Direitos humanos O Conselho de Direitos Humanos da ONU pediu que seja criada uma comissão de investigação dos ataques israelenses contra civis no Líbano, depois de condená-los em uma resolução adotada nesta sexta-feira. Vinte e sete países, de um total de 47 que compõem o recém-criado Conselho de Direitos Humanos, apoiaram uma resolução apresentada por vários estados islâmicos na qual condenam as violações de direitos humanos por parte de Israel no Líbano. Onze países votaram contra e oito se abstiveram.





Fonte: Folha Online

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