Publicidade
Repórter News - www.reporternews.com.br
Saúde
Quinta - 03 de Agosto de 2006 às 13:17

    Imprimir


Químicos da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) podem ajudar a remover um dos obstáculos ao velho sonho brasileiro de transformar a cachaça em um destilado tipo exportação. Eles desenvolveram e patentearam técnicas que diminuem o teor de cobre na aguardente e também ajudam a detectar o excesso do metal por meio de um teste simples.

A idéia é permitir que os produtores brasileiros consigam, sem muitos gastos, adequar seu destilado às exigências sanitárias dos mercados internacionais. Na União Européia, por exemplo, exige-se que o teor de cobre não ultrapasse dois miligramas por litro de bebida, enquanto no Brasil o padrão é um teto de 5 mg/l.

Divulgação

Após uso de reagente, cachaça com pouco cobre fica clara; a que tem muito escurece Em princípio, o limite brasileiro já é considerado aceitável para a saúde humana, mas a cautela do mercado externo acaba impedindo a transformação da cachaça em bebida globalizada. O risco implicado pela presença do metal engloba doenças neurodegenerativas e o fato de ele favorecer o surgimento do etilcarbamato, substância cancerígena.

É dos alambiques, onde a aguardente é destilada, que vem o cobre. A solução aparentemente óbvia (trocar o material do alambique) não é uma opção, pelo menos por enquanto, explica a química Andrea de Oliveira, doutoranda da Ufscar. "As pessoas já tentaram usar alambiques de aço inox, por exemplo, mas as propriedades da bebida, como o buquê e o gosto, ficam prejudicadas."

Mármore salvador

Para retirar o metal da bebida, os pesquisadores usaram um truque simples: misturaram à cachaça recém-destilada mármore ou calcário em pó, ambos formados basicamente por carbonato de cálcio.

É que, na forma em que aparece dissolvido na bebida, o cobre tem mais afinidade química com o carbonato do que o cálcio. Resultado: é como se o carbonato "largasse" o cálcio e agarrasse o cobre, formando um precipitado -uma espécie de pó, que é facilmente retirado por uma filtragem. "Conseguimos fazer com que uma bebida que tinha 20 mg/l de cobre chegue a 2 mg/l", diz Oliveira.

De quebra, outro método, envolvendo ácido ascórbico (vitamina C) e outro reagente, permite estimar se há excesso de cobre na bebida. A mistura faz com que a aguardente com concentrações altas do metal fique com forte cor amarronzada, enquanto a bebida com baixo de teor de cobre não se altera.

"O importante é que propriedades como sabor e odor também não se modificam", diz a pesquisadora. Em cachaças que já têm pouco cobre, o metal pode ser quase eliminado, reduzido a quantidades-traço, afirma.

O trabalho de Andrea de Oliveira foi orientado pelo pesquisador Eduardo Neves, que morreu recentemente, e teve co-autoria de Joaquim Nóbrega, ambos da Ufscar.

Os produtores de cachaça interessados em aplicar o método podem contatar os pesquisadores da Ufscar no e-mail projetos@fai.ufscar.br





Fonte: Folha Online

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/285656/visualizar/