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Economia
Domingo - 28 de Maio de 2006 às 07:23

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Pelo menos 50% das cerâmicas de Cuiabá e Várzea Grande estão paradas por falta de matéria-prima para geração de energia que movimenta as fornalhas das indústrias. A matéria-prima utilizada para o processo industrial das cerâmicas é a casca do arroz, que há dias deixou de ser fornecida pelas empresas de beneficiamento em função dos bloqueios nas rodovias de Mato Grosso, que barraram o transporte de grãos e insumos, por conta dos protestos do Grito do Ipiranga, iniciados no dia 17 de abril.

Sem o arroz em casca, as indústrias de beneficiamento não trabalham e, consequentemente, não são gerados os resíduos que abastecem as cerâmicas da região.

“Temos em Várzea Grande 21 cerâmicas e destas, 11 já estão com suas atividades totalmente paralisadas por falta de matéria-prima para trabalhar. Em Cuiabá, são duas cerâmicas e apenas uma ainda está funcionando. O quadro realmente é crítico e nada podemos fazer neste momento para reverter a situação”, lamenta o presidente da Cooperativa de Extração Mineral e Construção Civil do Estado de Mato Grosso (Coopemcer), José Lavaqui.

Segundo ele, as cerâmicas que ainda estão em atividade trabalham com menos de 60% da sua capacidade. “O ritmo da produção industrial está diminuindo a cada dia e tememos que nas próximas semanas outras empresas também fechem as portas”, adverte.

Lavaqui informa que os estoques de resíduos utilizados para a queima do processo industrial dariam para no máximo 30 dias. “Se as indústrias não voltarem a nos abastecer todas as cerâmicas da Grande Cuiabá poderão suspender suas atividades temporariamente”, salienta.

Atualmente, o setor emprega cerca de 2 mil trabalhadores em Cuiabá e Várzea Grande e já está previsto enxugamento, caso a situação não se normalize nas próximas semanas. “Algumas empresas já anunciam demissões dentro de 15 a 20 dias. Estamos preocupados, pois milhares de pessoas vivem direta e indiretamente da atividade ceramista”.

As cerâmicas de Cuiabá e Várzea Grande produzem atualmente 2,5 milhões de peças de tijolos, o principal produto fabricado pelas indústrias do setor. Mas a fabricação de telhas também vem apresentando redução. A produção deste insumo da construção não chega a 1 milhão de peças.

“Nunca vivemos situação semelhante como esta. É a primeira vez que as indústrias cerâmicas da Grande Cuiabá paralisam suas atividades por falta de matéria-prima para queima e geração de energia”, diz angustiado o presidente do Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Mato Grosso, Vanderley Simi.

Ele informa que todas as regiões do Estado estão com problemas para movimentar as cerâmicas. “São 170 empresas ativas e, destas, pelo menos 40% estão com suas atividades paralisadas”.

Simi dize que a situação é preocupante porque as cerâmicas são dependentes das beneficiadoras de arroz para trabalhar. Noventa por cento da queima é feita por meio da palha de arroz e e apenas 10% utilizam pó de serra para produzir energia.





Fonte: Diário de Cuiabá

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