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Politica Brasil
Quinta - 18 de Maio de 2006 às 07:33
Por: Mariana Peres

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O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, utilizou ontem a tribuna da Assembléia Legislativa para reiterar o pedido para que os produtores rurais desbloqueiem as rodovias. “Peço este voto de confiança. Chegamos ao limite para o Estado não morrer sufocado. Reconheço a legitimidade do movimento. Mas é hora de dar uma trégua”.

Segundo o governador, o Grito do Ipiranga, iniciado há um mês no Estado, ecoou pelo Brasil e fez com que a União reconhecesse o tamanho da crise que se alastra pelo interior do Brasil. “Esperamos que a partir deste momento as coisas se normalizem. Reitero, o próprio Estado não suporta esta asfixia à economia. Digo com toda a franqueza, o movimento é legítimo. Peço o desbloqueio e não a desmobilização”.

O secretário de Estado de Fazenda, Waldir Teis, não tem as cifras do impacto das interdições sobre os protestos na arrecadação estadual. Ele conta que, comparando o trânsito de cargas do mês de março com maio, a queda na movimentação de produtos caiu cerca de 54%. Já analisando o mês de abril com maio, a redução é de 31%.

O governador aponta que fez contatos com lideranças rurais estaduais para conscientizá-los sobre a trégua e afirmou que praticamente todos foram solidários ao pedido. Maggi descartou o uso de força policial para garantir a trafegabilidade das rodovias que interligam o Estado.

“Estive com o presidente Lula anteontem e senti que tanto ele como os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Agricultura, Roberto Rodrigues, ficaram cientes da situação. Tenho todos os motivos para não confiar na União, mas senti no presidente a preocupação com a crise do setor, que já se alastra para outros segmentos da economia”.

No dia 25, a União deverá anunciar um novo pacote de medidas de socorro e apoio ao agronegócio. “A trégua que peço é até esta data”. Maggi espera que na data acordada “a União anuncie a renegociação de dívidas com prazo de três anos de carência e para pagamento em até dez ou 15 anos. Abertura de novos créditos para o plantio da safra 06/07 e com juros atraentes, de cerca de 8,70% para menos. Ainda são aguardadas recomposições dos programas de Saneamento de Ativos (Pesa) e da Securitização. Feito tudo, aliado às medidas que a União deverá tomar -- como alguma mudança no câmbio, para ele flutuar também para cima e não apenas para baixo -- mais a redução da carga tributária sobre os insumos à agricultura, poderemos correr atrás do tempo perdido”. O governador frisa que ficou bem claro ao presidente Lula a necessidade de se resolver o passado, ou seja, de renegociar dívidas. “A União percebeu que tudo que foi feito contra a crise do setor foi paliativo. Só retardou o problema”.

Questionado sobre quanto tempo a economia e a receita estadual levariam para serem recuperadas, Maggi afirma que “sendo bem otimista, serão necessários cerca de dois ou três anos para retomarmos o ritmo de crescimento perdido há duas safras, se tudo correr bem daqui para frente”. A média de crescimento do Estado oscilou por cerca de dez anos entre 8% e 10%.

Reforçando o coro, o deputado Carlos Brito diz que somente o Distrito Industrial de Cuiabá contabiliza um contingente de 2 mil demissões ou em via de demissão. “Isso sem contabilizar o desemprego direto no campo”.

ESCLARECIMENTOS -- Durante a sessão ordinária da Assembléia, no final da tarde de ontem, Maggi fez uma retrospectiva dos acontecimentos na agricultura. “Chegamos a esse ponto, de problemas na agricultura e na pecuária, pela desvalorização cambial contínua nos últimos dois anos. A moeda norte-americana desvalorizou no período 45%. Tínhamos no segundo semestre de 2004 uma taxa de R$ 3,60, R$ 3,70, e neste mês a moeda despencou para R$ 2,05”. Ele lembra que as cotações das commodities no mercado internacional estão dentro da média histórica e aceitáveis para o equilíbrio das contas, “mas ao converter em reais, surge a diferença”.

O governador destaca que a desvalorização do dólar é percebida na mesma proporção por qualquer exportador brasileiro. “Na contramão, temos aumentos no frete, no custo com mão-de-obra e na energia”.

A safra atual tem deixado ao produtor perdas de cerca de R$ 300. “Um hectare plantado custa cerca de R$ 1 mil, quando o produtor vende a produção deste hectare, obtém apenas R$ 700. A situação atual é de insolvência do setor produtivo primário brasileiro”.

Maggi aponta que com a adoção de medidas paliativas a crise chegou à indústria de base dos grandes centros, como São Paulo e Rio Grande do Sul, este último o maior produtor de máquinas e implementos agrícolas do Brasil.





Fonte: Diário de Cuiabá

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