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Cultura
Quinta - 24 de Janeiro de 2013 às 10:08
Por: Marina Azaredo

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Itamar Miranda / Agência Estado
Sabotage foi morto na manhã de 24 de janeiro de 2003, na zona sul de São Paulo
Sabotage foi morto na manhã de 24 de janeiro de 2003, na zona sul de São Paulo

A história todos conhecem. Logo após começar a trabalhar no seu segundo álbum, em janeiro de 2003, o rapper Sabotage foi assassinado com cinco tiros na zona sul de São Paulo. Ele tinha acabado de deixar a mulher no trabalho. O autor do crime, que completa dez anos nesta quinta-feira (24), Sirlei Menezes da Silva, foi condenado a 14 anos de prisão. Uma vingança decorrente de uma disputa pelo tráfico de drogas em uma favela foi considerada como motivação para o assassinato, mas a família nega e alega que ele já estava há dez anos longe do crime.

O que nem todo mundo sabe é que, seis meses antes de ser assassinado, em julho de 2002, o rapper deu um depoimento para o cineasta Ivan Vale Ferreira em que disse: "poderia morrer amanhã, a minha parte eu já fiz". Essa frase e outros trechos do depoimento de Sabotage e de pessoas próximas a ele estarão no documentário Sabotage: O Maestro do Canão, que deve ser lançado no segundo semestre deste ano. Dirigido por Ferreira, o filme teve um longo processo de produção, que começou em 2002, com o depoimento do rapper a um grupo de estrangeiros que viajava o mundo fazendo filmes sobre a cultura underground.

Logos após o assassinato de Sabotage, Ivan, que havia ajudado os "gringos" na produção do filme, chamado Favela no Ar, pediu as imagens de depoimento do rapper para fazer uma homenagem, que foi basicamente uma entrevista com ele. Sentindo falta, no entanto, de conteúdo e informação sobre a história de Sabotage, resolveu fazer um documentário. Desde então, ele busca depoimentos e imagens que possam ajudar a contar a história do rapper. Logo no início, deparou-se como uma grande dificuldade.

"O tráfico de drogas cuidava dos negócios do Sabotage antes do filho dele, o Sabotinha, ficar maior de idade. As negociações eram muito difíceis, porque não sabíamos exatamente com quem estávamos conversando. A maioridade do Sabotinha foi um divisor de águas na história desse filme. De dois anos para cá, o processo começou a andar de maneira muito mais efetiva. O pessoal do Coletivo Instituto passou pelo mesmo problema", contou em entrevista ao Terra.

Os criadores do Instituto, Daniel Ganjaman, Tejo Damasceno e Rica Amabis, responsáveis pelo primeiro e único trabalho lançado do rapper, estão à frente da produção de um álbum póstumo que será lançado com as músicas que Sabotage gravava antes de morrer para o que seria o seu segundo álbum, O CD contará ainda com participações especiais, como Sabotinha e Sepultura. "O Sabotage trouxe um outro nível para o rap nacional, o cara era muito acima da média. Hoje em dia até é possível encontrrar letras tão boas quanto as dele, mas não a musicalidade dele", diz Tejo. O trio, no entanto, fez um "pacto de silêncio" até que o álbum seja finalizado. "Muita coisa tem saído na mídia que não está nos agradando (inclusive à família) e por se tratar de um projeto extremamente delicado, preferimos esperar o disco ficar pronto para qualquer pronunciamento", justificou Ganjaman por e-mail.

Assim como o filme, o disco não tem data certa para sair. "Preferimos não falar uma data, porque há matérias que dizem que sairia em 2010 e até agora não conseguimos finalizar o projeto", explica Tejo. No entanto, especula-se que o álbum seja lançado entre março e abril deste ano. Também em abril, mês de seu aniversário, o rapper deve ganhar um show-tributo, com a participação de grandes nomes do rap nacional. O show está sendo organizado também por Ivan Vale Ferreira, que pretende lançar um DVD paralelo ao filme.

"Cinquenta por cento do lucro do filme e desses subprodutos irão para a família do Sabotage. Queremos ajudá-los de alguma forma", diz o cineasta, que já tem 70% de Sabotage: O Maestro do Canão pronto, mas ainda está em busca de patrocínios para lançá-lo comercialmente. O longa, que segundo o próprio diretor, quer contar a história não só do Sabotage, mas do Maurinho (o nome verdadeiro do rapper era Mauro Mateus dos Santos), terá testemunhos de familiares amigos, músicos e pessoas que trabalharam com o rapper no cinema - ele fez participações nos filmes O Invasor, de Beto Brant, e Carandiru, de Hector Babenco. "Um dos depoimentos que mais me marcou foi o do Babenco. Tem um momento em que ele diz que o Sabotage era uma criança que queria aparecer, porque usava aquele cabelo espetado, tinha aquele jeito de espantalho. Só uma pessoa de fora do mundo do rap poderia falar isso", finaliza o diretor.

A morte
Sabotage foi morto no dia 24 de janeiro de 2003, no bairro da Saúde, zona sul de São Paulo. Após deixar a mulher, Maria Dalva da Rocha Viana, no trabalho, Sabotage iria ao aeroporto de Congonhas, onde embarcaria para Porto Alegre. No caminho, ele levou quatro tiros: dois na coluna, um na mandíbula e um próximo no ouvido. Ele foi levado ao Hospital São Paulo por volta das 6h da manhã e morreu horas depois.

O músico, aos 29 anos, estava no auge de sua carreira. Com duas passagens pela polícia, por tráfico e porte de drogas, Sabotage largou o crime quando começou no rap. Ele lançou o CD O Rap é Compromisso, em 2001, em que eternizou frases, como a que batiza o álbum e "respeito é pra quem tem".





Fonte: Terra

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