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Saúde
Segunda - 17 de Abril de 2006 às 07:04

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Fetos não podem sentir dor porque, para isso, é necessário um desenvolvimento mental que só ocorre fora do útero, de acordo com estudo publicado no British Medical Journal.

Stuart Derbyshire, da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, disse que as ações de um bebê e seu relacionamento com quem cuida dele é que permitem que ele elabore a subjetividade da dor.

Grupos pró-vida dizem que fetos respondem a estímulos a partir da 20ª semana da gestação.

Os Estados Unidos estão estudando legislação para obrigar médicos a dizerem a mulheres que desejam um aborto que isso vai causar dor no feto.

Também está sendo sugerido que, se a gestação tiver mais de 22 semanas, os fetos devem receber analgésicos.

Derbyshire, que é ligado a grupos que admitem o aborto, disse que há várias etapas na gestação em que certas partes do corpo do feto desenvolvem um "sistema de alarme" de dor.

Ele concluiu que conexões no cérebro necessárias para processar respostas à dor e estresse hormonal estão formadas às 26 semanas de existência do feto.

Mas o especialista disse que o fator crucial é a diferença entre o útero, onde a placenta possui um ambiente que encoraja o feto a dormir, e o mundo exterior, onde o recém-nascido é exposto a uma ampla gama de estímulos e ambientes.

Debate

"Dor é algo que vem das nossas experiências e se desenvolve com estímulos e interação humana. Envolve conceitos como localização, sentimentos de desagrado e sensação de dor", disse Derbyshire.

"A dor se torna possível por causa de um desenvolvimento psicológico que começa no parto, quando o bebê é separado da atmosfera protetora do útero e é estimulado a despertar."

Derbyshire disse que se o feto sente ou não dor não afeta o debate em torno do aborto porque não altera o ponto de vista moral dos lobbys pró-vida e pró-escolha, ou a legalidade dos abortos.

Ele acredita ainda que dar aos fetos analgésicos, que seriam ministrados através da placenta, envolve procedimentos que podem expor as mulheres a riscos desnecessários.

Mas Anna Pringle, uma porta-voz da organização beneficente pró-vida Life, na Grã-Bretanha, disse que "às 20 semanas, crianças não-nascidas podem responder a estímulos como música e conversa", e que técnicas de ultrassom mostraram que "uma criança responde também a estímulos físicos".

Mas ela concordou que a questão da dor é irrelevante para o debate em torno do aborto.

"Uma pessoa humana é uma pessoa humana e, como tal, tem o direito à vida, que é literalmente fundamental para todos os outros direitos."




Fonte: BBBC Brasil

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