Clima de "paz" entre Silval e Mauro tem prazo de validade, diz analista
Silval tem dito que o Governo será parceiro da prefeito de Cuiabá. Além disso, elogia a atuação de Mauro como líder empresarial. “A eleição passou e agora o meu compromisso é com a Capital. Pode contar comigo”, garantiu o governador. Sobre as declarações de apoio de Silval, Mauro foi taxativo: “É o que eu esperava do governador; fiquei satisfeito com a declaração pela população de Cuiabá e pela gestão que está começando; vamos fazer grandes parcerias pelo desenvolvimento da Capital”, disse.
João Edson, por sua vez, afirmou que assim como as brigas entre as duas lideranças foram políticas, a paz anunciada também é. Segundo o analista, o ponto de convergência é a figura do senador Blairo Maggi (PR). “Maggi é padrinho político de Mauro Mendes e responsável pela chegada de Silval Barbosa ao Governo. O papel dele nesta questão pode ser comparado ao coronel que promove o acerto entre os protegidos”, considera.
Além disso, João Edson acredita que o acordo de paz foi reforçado por interesses comuns. Para ele, Silval e Mauro perceberam que tanto o Governo como a prefeitura, ao mesmo tempo que detêm a responsabilidade sobre a realização da Copa do Mundo, passam por grandes dificuldades financeiras. “É natural que eles deixem as divergências de lado, se unindo para tentar garantir o sucesso do evento esportivo. Se a Copa for um sucesso, ambos serão consagrados como gestores. Porém, se acontecer o contrário, as duas carreiras políticas serão sepultadas”.
O cientista político ainda avalia que a trégua entre Silval e Mauro termina com junto com Copa. João lembra que o encerramento dos jogos coincide com o início do processo eleitoral em 2014. “Com o final da Copa, o interesse comum acaba. Nas eleições, governador e prefeito estarão em palanques opostos defendendo candidaturas antagônicas. Por isso, acredito que a paz tem prazo de validade”, concluiu.
Trajetória
A trajetória comum de Silval Barbosa e Mauro Mendes iniciou em 2008. Naquele ano, Mauro surgiu no cenário político como candidato a prefeito de Cuiabá pelo PR, com a chancela do então governador Blairo Maggi. Silval, que ocupava o cargo de vice-governador, coordenou a campanha. Derrotado por Wilson Santos (PSDB) em segundo turno, o empresário decidiu migrar para o PSB.
Em 2010, Silval e Mauro voltaram a se encontrar mas, desta vez, em lados opostos. O peemedebista, que assumiu o comando do Palácio Paiaguás com a renúncia de Maggi para concorrer ao Senado, foi à reeleição e conseguiu derrotar Mauro ainda em primeiro turno.
Na campanha, Mauro Mendes formalizou denúncia de uso da máquina pública acusando Silval de usar a estrutura da Empaer para captação de votos. A ação judicial chegou a colocar o mandato sob risco de cassação, mas Silval foi absolvido pelo TRE em maio deste ano.
Em 2012, foi à vez de Mauro ir à desforra. O empresário derrotou, em segundo turno, o petista Lúdio Cabral, apoiado por Silval desde o inicio da campanha. O governador, que apareceu em inúmeros atos de campanha e foi “figura carimbada” nas peças publicitárias de Lúdio, também absorveu a derrota nas urnas.
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