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Nacional
Sexta - 13 de Maio de 2005 às 19:20
Por: Juliana Cézar Nunes

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Brasília – A empresa Lima Araújo Agropecuária, condenada nesta sexta-feira (13) a pagar R$ 3 milhões pela prática de escravidão, chegou a manter os trabalhadores morando em currais. A situação foi testemunhada pela fiscal do Ministério do Trabalho Marinalva Cardoso Dantas. Ela participou da equipe que em 2001 esteve nas duas fazendas da empresa, localizadas no sul do Pará.

"Na primeira fiscalização, o que mais me impressionou é que, à medida que a gente ia se distanciando da sede da fazenda, a situação ia piorando. Os trabalhadores viviam em barracos ao redor de um rio cheio de fezes", lembra a fiscal, emocionada com a sentença decretada hoje.

"Os proprietários da fazenda confiavam tanto na impunidade que depois de retirarmos as famílias das margens do rio, prendermos pessoas em flagrante, descobrimos que os trabalhadores estavam vivendo no curral, como se fosse uma ascensão estar lá."

Marinalva guarda fotos dos trabalhadores que ajudou a libertar. A maior parte deles foi aliciado no Tocantins sob o pretexto de trabalhar nas fazendas da empresa Lima Araújo. Em uma das fotos da fiscal, uma trabalhadora escravizada forra o chão repleto de fezes de boi, logo após colocar os filhos em uma rede para evitar o contato direto.

Por pelo menos três vezes, os fiscais encontraram trabalhadores escravos nas duas fazendas da empresa condenada à maior multa da história brasileira para casos como esse, R$ 3 milhões. As equipes estiveram nas propriedades Estrela das Alagoas e Estrela de Maceió em 1998, 2001 e 2002. Calcula-se que cerca de 180 trabalhadores foram escravizados nessas fazendas.

A sentença judicial que condena os proprietário da Lima Araújo Agropecuária foi dada em resposta a uma ação civil pública do Ministério Público de Trabalho. Nesta ação, estão anexados os relatórios feitos pelos fiscais do Ministério do Trabalho. Desde 1995, o ministério atua no combate à escravidão com grupos móveis espalhados pelo país.

Assessor da Secretaria de Inspeção do Trabalho, Marcelo Campos conta que esta semana foram libertados 200 trabalhadores no sul do Pará e, 30, no norte de Tocantins. "Qualquer pessoa com informações a respeito da prática de escravidão deve procurar instituições de sua confiança para fazer denúncia", diz Campos.

"Em geral, o trabalhador escravo é aquele colocado em um sistema de endividamento através da anotação de tudo o que ele precisa para alimentar, para trabalhar. Devido a esse processo, ele é impedido de sair da propriedade, seja pelo endividamento, seja pelas violências praticadas pelo gato ou fazendeiro."





Fonte: Agência Brasil

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