Repórter News - www.reporternews.com.br
Nacional
Terça - 15 de Março de 2005 às 21:55
Por: Marli Moreira

    Imprimir


São Paulo - O atual modelo do Conselho Monetário Nacional (CMN) não atende às necessidades do país e fica restrito às operações do sistema financeiro, defenderam hoje em São Paulo líderes e representantes civis que participaram do lançamento da Campanha para Ampliação do Conselho Monetário Nacional. O movimento propõe a reformulação do CMN que passaria de três para nove membros. Atualmente, o conselho é constituído pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do Banco Central.

Para o presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew, a mudança na composição do CMN deve ocorrer para que o país possa usar a economia como meio de combater as desigualdades sociais. "A economia deve ser olhada como um meio de atingir a justiça social". Ele defendeu que o Brasil é "campeão da injustiça social" porque não leva em conta os efeitos das decisões econômicas sobre a maioria da população.

Júlio Gomes de Almeida, presidente do Instituto do Desenvolvimento Industrial (IEDI), afirma que a ampliação deve "equilibrar o jogo do poder econômico, que hoje é desbalanceado em favor do mercado financeiro". Nesse sentido, ele avalia que, entre os nove membros que formariam o conselho, conforme propõe a campanha, deveria haver representantes dos setores produtivos. Segundo ele, apesar da indústria ter crescido 6% no ano passado, a capacidade produtiva do país é bloqueada pelo sistema financeiro.

Favorável à ampliação do conselho, o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do CMN, justificou que "não é razoável que o conselho seja constituído por apenas dois ministros e um presidente do Banco Central, assim como seria um absurdo voltar a ter 26 representantes como era em 1987". Na sua opinião, a proposta de compor o conselho com nove membros, "é muito boa e seria importante que um dos membros indicados pelo presidente da República fosse o secretário executivo do conselho". Essa idéia, segundo ele, seguiria o mesmo princípio adotado nos Estados Unidos, onde o órgão é formado por conselheiros do presidente da República.

O conselho, entre outras atribuições, define as metas de inflação. Bresser Pereira diz ainda que os novos membros deverão representar o setor produtivo e trabalhadores e não poderão, portanto, ser ligados apenas ao sistema financeiro. "Para que haja desenvolvimento econômico é preciso manter a inflação sob controle, déficit público zerado, taxa de câmbio equilibrada e taxa de juros em nível decente, objetivos de toda a economia e não, exclusivamente, dependentes de decisões do setor financeiro".

Para Bresser Pereira, a política econômica brasileira tem atendido à pressões dos rentistas, os chamados capitalistas inativos, que apenas buscam lucrar com os juros altos. "Subordinar-se ao interesses dos rentistas, aqueles que vivem de juros, não faz sentido nenhum, pois o sistema econômico deve atender a toda a sociedade".





Fonte: Agência Brasil

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/352635/visualizar/