Repórter News - www.reporternews.com.br
Economia
Sexta - 25 de Fevereiro de 2005 às 18:33
Por: Norma Nery

    Imprimir


Rio - O economista Carlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, afirmou hoje, em entrevista à Rádio Nacional do Rio de Janeiro, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca lhe deu qualquer ordem que fosse "contra a sua consciência" enquanto ele ocupou o cargo no banco. "Se eu tivesse encontrado uma situação potencialmente, ou com indícios de corrupção, caberia comunicar ao Ministério Público, porque ele é que apura os fatos. Não é o presidente de uma instituição que faz isso, Quem faz isso é quem controla a técnica jurídica de controle comportamental dos gestores públicos que são o tribunal de Contas da União, o Ministério Público e as auditorias", disse.

Hoje, o senador Delcídio Amaral (MS), líder do PT na Casa, explicou as declarações de Lula, dadas ontem, no Espírito Santo. O presidente contou, em Jaguaré, sem citar nomes, que, no início do governo, orientou um "alto companheiro" a não relatar publicamente "processos de corrupção" que ele encontrara na instituição cuja direção acabara de assumir. Amaral disse que, depois de conversar com o presidente e vários ministros, soube que Lula falava do BNDES, especificamente das privatizações do setor elétrico

"Eu acho que não foi com o BNDES. Pelas seguintes razões. O presidente nunca me disse para tampar nada", afirmou Lessa. O economista relatou o teor de sua comunicação sobre a situação do banco a Lula: "Na ocasião, a imprensa sabe, porque eu falei abundantemente, em diversas situações, é que nós havíamos herdado um banco desviado de suas função históricas, que era o desenvolvimento, que tinha se convertido num banco de negócios, de compra e venda de ativos pré-existentes, ou seja, de privatizações mal realizadas do ponto de vista de técnica bancária e com garantias jurídicas insuficientes".

O economista destacou que, em função dessa orientação, ele se defrontou em 2003 com esqueletos enormes", o maior deles de US$ 1,2 bilhão com a AES, que era controladora da Eletropaulo em São Paulo". Em outro ponto da entrevista, o ex-presidente do BNDES cita também como esqueleto os US$ 700 milhões da Cemig, "um dos quais ainda continua no BNDES".

Lessa esclareceu que, em nenhum momento, disse ou pensou que o BNDES estivesse em situação falimentar. "Primeiro que não está, nunca esteve. Mas, em segundo lugar, por uma razão muito simples: o BNDES é sempre o centro do Tesouro Nacional, e dizer que o Banco estava em situação difícil era dizer que o Tesouro estava em situação difícil e que o Governo Federal estava em situação difícil, o que eu nunca poderia dizer".

Carlos Lessa terminou a entrevista reafirmando as duas críticas que fez à administração anterior do país. Ele voltou a repetir o fato de que, nos anos 90, principalmente no segundo mandato de FHC, o BNDES foi desviado de sua missão histórica, que sempre foi a de apoiar a criação de novos empregos e de novas capacidades produtivas."Ao invés disso, ao banco foi dada a tarefa de promover a transferência de propriedade de ativos pré-existentes, foi convertido num banco de negócios, o que é péssimo para um banco de desenvolvimento".

A segunda crítica, segundo Lessa, é a maneira como muitas das privatizações foram feitas, segundo ele: "do meu ponto de vista, ingênua e claramente insuficiente do ponto de vista jurídico de técnica bancária. Por isso, eu herdei uma série de esqueletos".





Fonte: Agência Brasil

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/357243/visualizar/