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Polícia Brasil
Domingo - 01 de Agosto de 2004 às 13:12
Por: Celso Bejarano Jr.

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Se não ocorrer uma revolução na regra judicial que estabelece pena aos criminosos do país, o bicheiro João Arcanjo Ribeiro, 53, deve ficar trancafiado em uma cela até abril de 2033.

Suas condenações, se somadas, atravessariam o século 21, com folga. Pelas contas do procurador da República Pedro Taques, uma das autoridades que ajudaram a pôr o réu atrás das grades, a sentença a ser aplicada contra ele deve beirar os 200 anos de prisão. Para a Procuradoria e o Judiciário Federal, João Arcanjo era o chefe do crime organizado em Mato Grosso.

Ele comandava o jogo do bicho no Estado desde a década de 80 e administrava factorings ilegais, negócios que lhe permitiram acumular uma fortuna estimada pela Justiça Federal em R$ 2,4 bilhões. Além disso, ele tinha exagerada influência no meio político mato-grossense. O Poder Legislativo estadual, por exemplo, segundo a Justiça Federal, era o cliente que mais pagava e mais tomava dinheiro emprestado das empresas de factoring.

Poder público não pode de modo algum negociar dinheiro com factoring, ainda mais as de Arcanjo, que eram tidas como fortalezas no ramo da lavagem de dinheiro. E quem ousava desafiar o bicheiro corria sério risco. Um dos casos de maior repercussão em Cuiabá foi o assassinato do fundador da Folha do Estado, Sávio Brandão, que, segundo investigações da Polícia Civil, morreu por denunciar atividades ilícitas de Arcanjo por meio de reportagens publicadas em seu jornal.

Limite

As normas do CP (Código Penal) brasileiro só permitem que uma pessoa fique presa por 30 anos. Se confirmadas as sentenças, o chefe do crime organizado só conquistará a sua liberdade quando já tiver completado 82 anos. Arcanjo está preso desde abril do ano passado. Tem, portanto, mais 29 anos de condenações a cumprir. Os crimes que mais devem castigar o réu são os assassinatos que teriam ocorrido a mando dele. Na quinta-feira passada, Arcanjo fora apontado pela quarta vez como mandante de uma morte (ver matéria à parte). Ele foi indiciado por homicídio qualificado, crime considerado hediondo, pelos assassinatos do ex-vereador Valdir Pereira, o ex-radialista Rivelino Brunini e o seu colega Fauze Rachid e ainda pela morte do fundador da Folha do Estado, Sávio Brandão.

Pelas mortes de Pereira e de Sávio, Arcanjo foi indiciado pelo delegado da Polícia Civil Luciano Inácio da Silva. Já pelos crimes que vitimaram Fauze e Rivelino, Arcanjo será julgado pela Justiça Federal.




Fonte: Folha do Estado

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