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Economia
Quinta - 22 de Abril de 2004 às 11:59
Por: Vladimir Goitia

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São Paulo - Mesmo que a União Européia melhore - até agora não há informação precisa de que isso de fato venha a ocorrer ou tenha ocorrido - a sua oferta ao Mercosul, o acordo comercial entre os dois blocos que poderá ser assinado até outubro deste ano trará pouquíssimos ganhos para o Brasil e ainda virá com uma rebarba complicada para o País: as quotas (tarifárias) para o setor do agronegócio. A opinião é do presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), Marcos Jank.

"O (eventual) acordo, que eu considero ´light´, terá características de um primeiro passo", resumiu Jank, em almoço, na terça-feira, da Associação de Empresas Brasileiras para a Integração de Mercados (Adebim). Agora, acrescentou Jank, um dos maiores especialistas em acordos internacionais do País, "se a oferta agrícola européia será pífia ou não, quem tem de responder isso é o setor privado, que, hoje, sabe muito bem o que quer".

Indagado pela Agência Estado se um "acordo light" não seria melhor do que absolutamente nada, o presidente do Icone respondeu: "Um acordo ruim não é melhor do que não ter acordo, porque esse que está sendo negociado (com a União Européia) poderá prejudicar (o Brasil) nas negociações multilaterias". Ele se referiu à Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Temos de tomar cuidado com isso, porque se assinarmos podemos dificultar as negociações multilaterais, já que estaremos dando aval às quotas tarifárias, contra as quais sempre lutamos", alertou.

Jank lamentou também o fato de o Brasil ter perdido as oportunidades que criou para avançar nas negociações no âmbito da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e, de acordo com ele, não conseguiu aproveitar. "A Alca nasceu ambiciosa e vai se transformar num arranjo de acordos bilaterais graças aos co-responsáveis. Esse grande acordo agora é uma frustração e, em parte, por culpa do Brasil e dos EUA." O Icone estima que, atualmente, existam 59 acordos bilaterais nas Américas, que, com o fracasso da Alca abrangente, poderão superar os 100.

Jank criticou ainda a proliferação desse tipo de acordo, mas disse que o Brasil não tem outra opção se não a de seguir essa mesma estratégia. Entretanto, alertou, "o Brasil precisa se aproximar de países iguais a ele ou maiores". Isso não significa, segundo ele, que o País não deva estabelecer acordos com países pequenos que, na opinião dele, têm mais efeito e impacto políticos do que comerciais.

Para ele, o Brasil tem características que o condenam a negociar, já que, além de exportar poucos produtos que são altamente protegidos pelos outros países, seu coeficiente de abertura é um dos menores do mundo. Jank se referiu a produtos dos setores do agronegócio, siderúrgico e têxtil, além de calçados.




Fonte: Estadão.com

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