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Agronegócios
Terça - 16 de Março de 2004 às 14:24

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A estratégia de controle do fungo phakopsora pachyrhizi, mais conhecido como ferrugem asiática, nos plantios de soja , é respeitar as leis da natureza . Dar descanso para o solo e intervalos entre as safras. Para os técnicos da Embrapa e da Secretaria estadual de Desenvolvimento Rural – Seder o fim do fungo é também o fim da safrinha - uma saída que os agricultores encontraram para lucrar mais, plantando soja o ano inteiro, desgastando o solo e mantendo as plantas vivas.

O que parecia um negócio lucrativo foi ano a ano proliferando a doença sem que os agricultores se dessem conta do tamanho do problema.” O resultado é um prejuízo que cerca de 37 milhões de sacas de soja perdidas, uma quebra de quase 15% da safra 2003/2004”, calcula o gerente de Informação da Seder, Mauro Vicente Bortolás.

A safra de soja costuma durar do mês de setembro até dezembro . A partir de 1994, os sojicultores brasileiros criaram a safrinha. Um período curto de plantio – de abril a julho- que se dá debaixo dos pivôs de irrigação. Tudo aparentava ir bem até 2002 quando o fungo da ferrugem começou a aparecer em Alto Taquari. Mauro conta que o fungo encontrou um habitat perfeito para se alastrar : plantas vivas , água em abundância e clima seco e frio. “ Para piorar a situação o controle da doença não foi feito corretamente. São duas aplicações por ano , de preferência no inverno, com poucos ventos, sem insolação e sem chuvas”, explica.

Outro problema foi que houve um desabastecimento dos fungicidas que combatem a doença no sul do país e muita gente não conseguiu fazer o controle por falta de veneno. Além disso, é preciso destruir as plantas( tigreras) vivas logo após a colheita que está acontecendo este mês. Esse trabalho é feito geralmente por gradeação ou dissecação das plantas e sementes que sobram, com a utilização de produtos químicos.

Riscos ambientais

Normalmente, Mato Grosso chega a usar 5 milhões de litros de fungicida para fazer o controle da ferrugem asiática em toda a safra. Com a proliferação da doença , o combate esse ano está usando o dobro de fungicidas. E o que é pior : em época de chuvas, onde o veneno não tem encontrado nem mesmo duas horas entre uma chuva e outra para ser absorvido pela planta. “ É dinheiro jogado fora mas é preciso fazer o controle”, disse Mauro. Outro problema é o risco ambiental de doses excessivas de agrotóxicos em período chuvoso onde parte do veneno vai escorrendo para os rios, córregos, várzeas e alagados.

A Diretoria de Licenciamento e Qualidade Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente – Ibama , que faz a avaliação e o controle de agrotóxicos e libera a comercialização dos produtos está acompanhando o controle da doença em todo o país. Um funcionário que preferiu não se identificar disse que o órgão foi chamado para participar de reuniões com várias instituições este mês que tratavam do combate à doença nos plantios de soja. Segundo a fonte, o Ibama terá de liberar rapidamente os produtos caso seja necessário mas que a maioria desses fungicidas a base de triazóis não são tão nocivos ao meio ambiente. “ Estamos acompanhando tudo mas é bom lembrar que qualquer agrotóxico tem impactos ambientais por isso é preciso evitar essas situações com ações preventivas, como evitar a safrinha”, disse o técnico.




Fonte: Da Estação Vida

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