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Agronegócios
Sexta - 05 de Março de 2004 às 10:22

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Seca no Paraná provocará quebra de 7,9% na produção, o equivalente a 1 milhão de toneladas. As perdas provocadas pela ferrugem da soja no Brasil na safra 2003/04, que começou a ser colhida, devem superar US$ 1 bilhão, segundo previsão de analistas na VII Conferência Mundial de Soja, que termina hoje em Foz do Iguaçu (PR).

Ainda não há levantamento completo dos danos no campo, mas a doença está mais agressiva sobretudo na região central do País, afetada pelas chuvas nas últimas semanas. "A umidade facilita a propagação do fungo e a chuva prejudica aplicação dos fungicidas que combatem a doença", afirma João Flavio Veloso, chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Soja e coordenador da força-tarefa instituída pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento para acompanhar a evolução da doença.

Segundo a Embrapa, há relatos de regiões com perdas de até 20% da produção. No ano passado, o volume de prejuízos já ficou próximo de US$ 1 bilhão. "Com certeza nessa safra os estragos serão ainda maiores", afirma Veloso. A estimativa considera tanto as perdas diretas na lavoura quanto o aumento do custo de produção com os gastos dos produtores com fungicidas usados no combate à doença.

A ferrugem da soja, produzida pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, foi detectada pela primeira vez na Ásia, mas hoje já se espalha pela África e pela América do Sul. No Brasil, onde desembarcou em 2001, a doença já provocou quebras nas duas últimas safras, principalmente em estados como o Mato Grosso do Sul e a Bahia.

Além das chuvas, o plantio da chamada soja safrinha, cultivada no inverno sob irrigação, também vem atrapalhando as estratégias de controle da ferrugem. A soja plantada nessa época serve de hospedeira para o fungo, que se multiplica com mais intensidade. "É por isso que, este ano, a ferrugem foi identificada em várias fases da planta e, normalmente, muito mais cedo do que nos anos anteriores", diz Veloso. Na safra passada, os primeiros sintomas apareceram em janeiro, na fase inicial de floração das plantas.

Nos casos mais severos, a doença, que é disseminada pelo vento, pode causar perdas de até 70% da produção. O aparecimento precoce preocupa os pesquisadores não apenas porque reduz a produtividade, mas também porque aumenta significativamente os custos de produção. "Um agricultor que tiver que fazer muitas aplicações não consegue ter lucro", diz Veloso.

A Embrapa ministra cursos aos produtores sobre formas de controle da doença, que muitas vezes é confundida com outras pragas da lavoura de soja. Em todo mundo há pesquisas para o desenvolvimento de variedades resistentes à ferrugem asiática, mas por enquanto, a única forma de combate ao problema é o uso intensivo de fungicidas.

Quebra na safra

O Paraná deverá colher, nesta safra, um milhão de toneladas de soja a menos do que na safra anterior devido à estiagem que atinge o estado, segundo previsão da Secretaria da Agricultura.

Segundo o chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria, Norberto Ortigara, esta perda causará prejuízo de R$ 780 milhões para os agricultores. A previsão agora é de que a colheita atinja 10,95 milhões de toneladas, 7,9% inferior à estimativa inicial de 11,890 milhões de toneladas.

No Rio Grande do Sul, segundo levantamento da Emater sobre a seca que afeta o estado, a previsão é de que haja redução de 18,6% na produtividade da soja, em relação à última safra. Com isso, a produção deverá atingir 8,34 milhões de toneladas. A região mais atingida é a noroeste do estado.

A estiagem atinge ainda as culturas de algodão e milho no Paraná. No algodão, 10% da produção, que está em fase de colheita, já estão perdidos. A safra, que deveria ser de 103 mil toneladas, não deve passar de 95 mil toneladas. O plantio do milho está atrasado - ao invés dos 50% de área plantada, só foram 30% até agora. Isso faz com que o Paraná, maior produtor nacional de grãos, contribuindo com 43% de tudo o que é produzido no país, colha 1,3 milhão de toneladas a menos, ou queda de 11%.

A safra de grãos do Paraná deve ficar em torno de 28,5 milhão de toneladas. Em relação ao milho gaúcho, a situação não é tão grave. A expectativa é de redução de 1,59% na produtividade, alcançando 5,08 milhões de toneladas.




Fonte: Gazeta Mercantil

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