Linha dura, Sampaoli segue escola de Dunga e Bielsa e afasta jornalistas

Em 1996, uma árvore foi notícia na cidade de Casilda, interior da Argentina. Eram quinze minutos de jogo quando o técnico do humilde Alumni (ARG) foi expulso de campo, mas nem por isso deixou de comandar seus jogadores. Entre galhos próximos aos gramados, mais altos que as arquibancadas, se ouvia as orientações do jovem treinador de 35 anos.

Na última sexta-feira, jornalistas tentaram espiar o treino fechado do Chile do alto de uma casa em construção, em frente à Toca da Raposa, CT do Cruzeiro emprestado à seleção. Em poucos minutos, no entanto, a postura foi reprimida por segurança do local, em nome Jorge Sampaoli. Irônico. Há quase 20 anos, a manobra serviu para levá-lo a um clube melhor, depois de virar manchete de jornal. Mas se algum repórter pensa que vai conseguir se beneficiar dando esse "jeitinho" é melhor esquecer.

Neste domingo, a delegação abriu as atividades para a imprensa por quinze minutos, depois de portas fechadas no dia anterior. As câmeras conseguiram filmar apenas um pequeno trecho do alongamento e troca de passes entre alguns jogadores da defesa. De volta para o lado de fora, reclamações: muito sol, falta de internet, tomadas e banheiros, e principalmente ausência de notícias. Nada que os veículos de comunicação do país sul-americano já não estejam acostumados.

"É ruim ficar aqui do lado de fora com esse sol, mas já estamos acostumados. Só acho que fica uma impressão feia, é uma Copa do Mundo. Todo mundo no meio da rua, sem nenhuma estrutura. Não custava nada abrir uma sala para ficarmos. Mas é o estilo de Sampaoli. Não gosta de ter ninguém por perto, achava que vai atrapalhar o trabalho", afirmou Victor Cruces, do portal Terra chileno.

"Ele gosta de fazer mistério para os jornalistas e para os adversários. Ele morre se tiver alguém vendo. Ele acha que um segredo dele pode surpreender o adversário na hora do jogo e que isso dará a vitória ao Chile", completou Cristian Reyes, radialista do país.

Além de se inspirar em "El Loco" Bielsa, como sempre gosta de falar, Sampaoli também tem lembrado o trabalho realizado por Dunga com a seleção brasileira, na última Copa do Mundo, na África do Sul. Linha dura, o gaúcho também não tinha uma boa relação com os veículos de comunicação que cobriam a equipe.

Há cinco dias no Brasil, o time de Arturo Vidal e Alexis Sánchez fará nesta segunda-feira seu quarto treino desde que desembarcaram na capital mineira, apenas a primeira atividade, desde de sexta-feira, foi aberta ao público e à imprensa.