Especialista da Unesp de Araraquara dá dicas para a escolha da carreira Para Maria Beatriz Oliveira, jovens têm de ter em mente que podem desistir. Pressão da família pode prejudicar os adolescentes e aumentar a irritação.
O ano mal começou, mas, para os estudantes do ensino médio, falta pouco para a decisão sobre a carreira que escolherão no vestibular. A tarefa é difícil e gera muitas dúvidas, porém sugestões de Maria Beatriz Loureiro de Oliveira, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara (SP), podem ajudar.
Para a especialista em psicologia da educação, se trata de um momento de ansiedade e, como os jovens ficam sem parâmetros, têm de prestar atenção em si mesmos e em seus gostos antes de definirem qual caminho seguir, sempre lembrando que não vão escolher a profissão, e sim o curso superior. “Com a globalização da economia, o diploma não determina a atividade profissional. Os jovens vão construir seu papel profissional e é importante não ter medo”.
Quanto ao papel da família, Maria Beatriz pontuou que a pressão pode prejudicar e confundir os estudantes. “Talento é hereditário, mas é bom ressaltar que ele não direciona para a carreira dos antepassados", afirmou. "Os pais precisam saber que o tempo do adolescente para escolher é diferente do tempo que a sociedade exige, que a escola exige, a pressão é muito grande e aí a irritabilidade aumenta".
Desistência
O grande medo dos jovens nesse período é fazer a escolha errada e não poder voltar atrás ou perder tempo. Mas, para a especialista, a desistência não é ruim.
“Não há problema nenhum em desistir de um curso que não gostou. Conhecimento não se perde, só se acumula. Mudar de curso é um ato de coragem porque eles são muitos jovens para ingressar em um curso superior. Até brinco dizendo que o cursinho é um mal necessário, que faz bem, porque eles vão amadurecer mais um pouco”, disse Beatriz.
Por fim, a especialista recomendou os testes vocacionais, que podem ajudar o aluno se autoconhecer. “É difícil saber a vocação. Nós sabemos que temos vários talentos e por isso é importante se conhecer para conhecer o universo do trabalho, que é muito diferente de anos atrás. É um período em que é preciso ter mais equilíbrio e gerenciamento das emoções”.
Desafio
Bruno Ferreira, de 16 anos, vive esse momento de decisão. Ele trabalha como auxiliar administrativo e gosta do que faz, mas cogita mudar de área. “Eu fiz alguns testes vocacionais e arquitetura apareceu como segunda opção, então pensei em pesquisar um pouco mais sobre a profissão e acabei me interessando. É super difícil decidir".
Já Bruna Aiello Barros, de 16 anos, está em dúvida entre odontologia, psicologia e jornalismo. "Minha cabeça está um turbilhão neste ano”, comentou. "O medo de errar é de grande porque a gente pensa que vai ser para sempre”, completou Matheus da Silva Machado, de 17 anos.
Coordenador de escola, José Jorge sabe que esse momento é difícil, mas afirmou que, quanto mais rápido o aluno escolher, melhor será o seu desempenho nos estudos porque a preparação para o vestibular passará a ser direcionada para a área de interesse.
“A gente visita feiras de profissões e procura trazer profissionais de várias áreas para que tenham contato com esses alunos, porque a intenção é que eles definam o que querem fazer e onde querem fazer o mais rápido possível”.
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