Suspeita em morte tentou atrair outras mães para roubar bebê, diz polícia

Com a falsa promessa de doar enxoval, a manicure Michele Bispo dos Santos, de 25 anos, que confessou ter matado a adolescente Bruna Karolina Fernandes Aguiaro, de 15 anos, para roubar o bebê dela, já teria tentado armar emboscada para outras mães de recém-nascidos, segundo a polícia.

Bruna Karolina foi morta com golpes de marreta na última sexta-feira (13) em Querência, a 912 km de Cuiabá. O crime foi descoberto no mesmo dia.

De acordo com o delegado da Polícia Civil Michael Mendes Paes, que investiga o assassinato, pelo menos outras duas mulheres disseram ter recebido o convite de ir até a casa da manicure para ganhar roupas de bebê. O G1entrou em contato com uma irmã da suspeita, mas, por telefone, ela disse que não queria se manifestar sobre o assunto.

A polícia disse que a suspeita chegou a vender o carrinho de bebê da Bruna Karolina após matar a adolescente. O delegado afirmou que investiga se a venda foi feita para se desfazer de provas.

O dinheiro da venda, de R$ 250, foi encontrado dentro da bolsa da recém-nascida. O bebê foi deixado na casa de uma vizinha da suspeita enquanto ela tentava esconder o corpo da adolescente. A polícia, que já estava investigando o sumiço da adolescente, encontrou a criança na casa dessa vizinha e prendeu a manicure. Ela confessou o crime em detalhes e informou o local onde tinha jogado o celular da vítima e a marreta usada para matá-la.

Ainda dentro da bolsa da menina, a polícia encontrou os documentos pessoais da suspeita e do marido dela. "Provavelmente, ela pegou os documentos do marido porque pretendia registrar a criança como filha deles", afirmou o delegado. Também foi encontrada uma cartela de comprimidos de um remédio para controlar a ansiedade, cuja venda só é permitida com receita médica.

Após o crime ser descoberto, outra mulher entrou em contato com a polícia e contou que também tinha sido convidada pela suspeita para ir até a casa dela para receber roupas para o bebê. No entanto, de acordo com Mendes Paes, essa testemunha ainda não prestou o depoimento formalmente e será intimada para isso.

A manicure prometeu doar roupas para a filha de Bruna Karolina com a alegação de que tinha ganhado muitas roupas durante o “chá de bebê“ que tinha promovido recentemente. O suposto evento fazia parte do plano, já que ela dizia para o marido, parentes e amigos que estava grávida, mas quando chegou ao que seria o nono mês de gestação, teria se desesperado porque não tinha mais como sustentar a mentira e então tentou roubar um bebê.

Para o delegado, o crime foi premeditado. Um dia antes da morte da adolescente, a suspeita foi até um posto de saúde no intuito de procurar mãe de recém-nascido, segundo a polícia. "Ela foi para o posto de saúde de caso pensado. Já foi para lá com essa intenção de conhecer alguém com um bebê", afirmou o delegado.

O inquérito sobre o assassinato da adolescente está praticamente concluído, de acordo com o delegado. Só falta anexar o laudo que apontará as causas da morte. A manicure deverá ser indiciada por pelo menos quatro crimes: homicídio qualificado por motivo torpe, com agravante devido à emboscada e por ter dificultado a defesa da vítima; subtração de incapaz; ocultação de cadáver e furto [do carrinho].