Porsche de doleira que foi presa com euros na calcinha será leiloado no PR Será o primeiro leilão de bem apreendido na Operação Lava Jato. Carro foi avaliado em R$ 200 mil e pertencia à doleira Nelma Kodama.
O Porsche Cayman modelo 2010/2011 que pertencia à doleira Nelma Kodama, apreendido na Operação Lava Jato, será leiloado nesta segunda-feira (23). Segundo a Polícia Federal (PF), o carro foi avaliado em R$ 200 mil e será o primeiro bem apreendido na Lava Jato a ser leiloado.
Durante o leilão, que começa às 14h, serão aceitos apenas lances por preço igual ou superior ao mínimo. Caso o veículo não seja vendido, uma nova venda pública será marcada para 31 de março, quando o Porsche poderá ser arrematado por até 80% do valor de avaliação.
O vencedor estará sujeito às custas da arrematação, que podem chegar a até quase R$ 2 mil, e da remoção do veículo. O leilão será realizado na Rua Chanceler Mauro Muller, 35, no bairro de Parolin, em Curitiba, e também via internet.
Prisão e condenação
Nelma Kodama foi presa em março do ano passado, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Na ocasião, ao saber que estava sendo investigada pela PF, a doleira tentou fugir para a Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha. Ela foi condenada a 18 anos de prisão pela prática de 91 crimes de evasão de divisas (envio ilegal de recursos ao exterior).
A doleira foi condenada a cumprir pena em regime inicialmente fechado, pelos crimes de evasão de divisas, operação de instituição financeira irregular, evasão de divisas tentada, corrupção ativa, pertinência a organização criminosa e lavagem de dinheiro.
De acordo a decisão da Justiça, a lavagem de dinheiro foi caracterizada pela aquisição do carro de luxo como produto de crimes financeiros, mantendo deliberadamente o nome do antigo proprietário no registro. O veículo foi comprado em 2013 por R$ 225 mil, de acordo com a sentença.
Nelma Kodama recorre da decisão. Ela está presa na carceragem da PF em Curitiba, onde estão outros réus da Lava Jato. A operação da PF desmotou, em março de 2014, um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que teria movimentado R$ 10 bilhões. As investigações resultaram na descoberta de um esquema de desvio de recursos da Petrobras.
Sobre o leilão de bens
Em nota divulgada nesta sexta (20), o Ministério Público Federal (MPF), que pediu o leilão do Porsche, afirmou que a medida tem a mesma finalidade do processo criminal, conhecida como alienação antecipada, cujo o objetivo "é preservar o valor econômico do bem que está sujeito à deterioração e à consequente perda de valor".
"Bens como carros, barcos e aviões, além de exigirem uma manutenção regular que gera custos, estão sujeitos a depreciação, que podem resultar em prejuízo para o conjunto da sociedade, no caso da utilização do bem para ressarcimento aos cofres públicos, ou para o próprio réu da ação penal, no caso de devolução do bem ao fim do processo", diz a nota.
Até 2010, medidas como essa só eram adotadas para a venda de bens apreendidos em casos relacionados à Lei de Tóxicos. Uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça, no entanto, orientou juízes a realizarem a alienação antecipada em outros casos. A partir de 2012, o procedimento passou a ser previsto em lei.
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