Professora afirma durante audiência pública que o foco da educação deve ser a aprendizagem

“O foco da educação tem de ser a aprendizagem e não no ensino”, afirmou a professora Regina Lúcia Borges Araújo, palestrante e instigadora da quinta audiência pública da Assembleia Legislativa de Mato Grosso sobre o ciclo de formação humana, a chamada escola ciclada, realizada em Cáceres.

A proposta do ciclo de audiências é do deputado Wilson Santos (PSDB), que pretende com isso, formatar um documento que será entregue até agosto ao governador Pedro Taques (PDT), para ações futuras na educação mato-grossense. “Não estamos contaminando os debates, o que pretendemos é ouvir as partes envolvidas para fornecer subsídios ao governo que definiu a educação como a grande prioridade do seu mandato”, disse o parlamentar.

Para a professora Regina Araújo, que defende a escola ciclada, “o sistema seriado é definido pelos estudiosos como excludente e faz com que a repetência evidencie a baixa qualidade do ensino”. Segundo ela, “a realidade em Mato Grosso é que os professores não foram preparados para o ciclo de formação humana”.

O promotor Douglas Lingiardi Strachicinie, do Ministério Público Estadual de Cáceres, entende que é prematuro condenar um dos dois sistemas: seriado ou ciclado. “Tem de se levar em conta a evolução tecnológica que impacta diretamente na qualidade do ensino”, diz. Para o promotor, não se pode apenas discutir o meio, mas sim, “buscar resultados para a educação”.

“Essa discussão é altamente importante, mas precisamos estender o debate com a sociedade, com os pais dos alunos”, opina o representante do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (Sintep), subsede de Cáceres, Orlandir Cavalcante. Segundo ele, o grande problema da escola ciclada “é o fato de a sociedade não entender a proposta do ciclo”.

O prefeito de Cáceres, Francis Maris Cruz (PMDB), é favorável ao sistema seriado. “O aluno tem que passar de ano com conhecimento. No ciclo, o aluno não se esforça e em muitos casos, sai da oitava série sem saber interpretar um texto”. O prefeito vê o debate sobre o ciclo de formação humana como oportuno para nortear as ações de governo daqui prá frente. “Ambas as propostas apresentam problemas comuns e específicos e possuem origem em políticas públicas diferenciadas”, diz.