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Quinta - 14 de Julho de 2016 às 07:21
Por: Marie Clarie

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Ela se descobriu feminista aos 33 anos. No mês passado, ficou chocada com os comentários machistas sobre a menina estuprada em um morro carioca e decidiu defender os direitos das mulheres de vestir – ou não – o que quiserem, agir como bem entenderem e frequentar quaisquer lugares sem se sentir ameaçadas. A pedido de Marie Claire, Cleo tirou a própria roupa para protestar pela liberdade feminina. Em um papo franco e apimentado, a intérprete de Tamara, de Haja Coração, diz que está solteira há cinco meses e feliz com a fase de encontros casuais porque, simplesmente, adora sexo. A seguir, os melhores trechos da conversa.

No sábado 7 de maio, Cleo Pires dedicou nove horas de sua agenda apertada de protagonista de novela para ser fotografada para a capa de Marie Claire e dar uma longa entrevista. Tudo estava lindo e pronto para a edição de julho. Mas chegou o dia 25 de maio e, com ele, uma atrocidade acometida contra uma adolescente de 16 anos, no Rio de Janeiro. Um vídeo com a menina, ainda desacordada, nua, sendo abusada por vários homens foi postado no Twitter por seus algozes, gerando a indignação de milhares de mulheres que foram às ruas protestar contra a cultura do estupro. O episódio tocou Cleo Pires tão profundamente que a fez se descobrir feminista. “Não conseguia parar de pensar naquilo, queria protestar de alguma maneira, mostrar minha indignação”, disse. A equipe de Marie Claire também. Por isso, decidimos procurar a a atriz novamente e pedir que ela, uma fã incondicional do sexo consensual, nos ajudasse a criar imagens fortes contra o sexo forçado. Cleo topou na hora. Despiu-se de roupas de grifes internacionais e dos pudores de muitas das atrizes de TV em uma das tardes mais frias do ano em São Paulo para mostrar que, mesmo nua, quando uma mulher diz “não” para um homem, é “não” e ponto. “Não tirei a minha roupa à toa. Quero fazer as pessoas pensarem sobre o assunto e entenderem que cada mulher é dona do próprio corpo e das próprias vontades”, afirmou durante o ensaio.

Liberdade é a palavra de ordem da atriz. Tanto que, aos 18 anos, ela a tatuou, em francês, ao lado do seio esquerdo. “Tenho necessidade de ser livre. Fico perturbada em saber que não posso sair de casa sozinha depois de certa hora porque posso ser atacada, assediada, violentada”, diz Cleo. A mãe, Glória Pires, endossa. “Na minha família, todo muito respeita a liberadade e a individualidade. Nunca foi ‘anormal’ fazer tatuagem, colocar piercing, descolorir cabelo”, afirma. “Cleo sempre foi geniosa e questionadora. Aos 12, pichou o quarto e, anos depois, disse que era só para testar a nossa reação. Mas na hora entendemos que ela só queria se expressar”, lembra.

Vinte e um anos e 19 tatuagens depois, Cleo empresta sua irreverência a Tamara, personagem da nova novela das 7, Haja Coração, de Daniel Ortiz. Piloto de Fórmula Pick Up, a moça tem um espírito aventureiro parecido com o da atriz. Solteira há cinco meses, desde o fim do casamento de três anos com o ator Rômulo Neto, Cleo está à vontade com o novo estado civil e cultiva casos de amor: “Gosto de sexo, mas não de qualquer sexo. Gosto de ter uma conexão com a pessoa. Porque, se não tiver isso, prefiro fazer sozinha”. O ator João Vicente de Castro, com quem também foi casada por quatro anos, diz que a ex é uma das mulheres mais livres que já conheceu. “Cleo é feminina, empoderada, se guia pela certeza do agora e joga seu barco no mundo, sabendo que nada pode mudar mais que a certeza da gente. É bonito vê-la navegar”, filosofa.

Filha de dois “pais” – do cantor Fábio Jr., o biológico, e de outro cantor, Orlando Morais, o de criação –, a atriz mais sexy do Brasil agora decidiu seguir o caminho deles e quer virar música. “Já pedi para a Antonia [Morais, música], minha irmã, produzir as canções. Tenho várias ideias de melodia, mas preciso da ajuda de alguém para tirá-las de mim”, afirma. Cleo também vai se aventurar por outros universos: quer expor textos e fotos pessoais em um site próprio [cheio de personalidade], com estreia marcada para 29 de junho, e fazer crescer a produtora de cinema Giraia, fundada por ela há um ano. “Mas a minha maior vocação é ser filósofa: ficar bebendo e falando sobre a vida”, brinca. Com vocês, um pouco da filosofia libertária da atriz...

FEMINISMO 3.3

"Eu era uma das que falava: ‘ai, que saco essa história de feminismo. Não precisamos disso, já conseguimos tudo’. Só fui perceber que o feminismo é essencial quando soube dessa atrocidade que aconteceu no Rio [o estupro coletivo de uma menina de 16 anos]. Tenho uma irmã da mesma idade. Fiquei revoltada, chorei e comecei a postar sobre isso nas redes sociais. Quando li os comentários na internet, culpando a vítima, percebi o quanto precisamos evoluir. Perguntavam que roupa ela usava. Gente, não importa que roupa ela usava, não importa se ela fazia orgias, não importa se ela estava bêbada, se usava drogas. Nada dá o direito para alguém fazer com você uma coisa que você não queira”.

ASSÉDIO

"De certa forma, a fama serve como um mecanismo de defesa porque funciona como um filtro. Claro que já recebi cantadas agressivas, já me puxaram pelo braço, passaram a mão. Quando estou em um forró no fim do mundo, com o cabelo preso, meio disfarçada, as pessoas não sabem que sou atriz, mas sabem que eu sou mulher. É essa sensação de insegurança constante que precisa mudar. Porque, mesmo quando a mulher é atacada, ela é vista como a causadora, aquela que procurou, que seduziu.”

ALTA TENSÃO

"Estou me divertindo muito nas filmagens de Haja Coração. Adoro as cenas com carros. Dia desses, fiz uma em que Tamara estava presa no trânsito e cortava todo mundo pelo acostamento, acelerando. É a forma com a qual ela lida com emoções. Tamara cresceu com pai opressor e mãe reprimida, sem poder mostrar quem era de verdade. Ela tem transtorno de personalidade e toma remédios psiquiátricos. Eu, por exemplo, já sofri com depressão. Quando tinha 15 anos, surgiu um boato que destruiu a minha vida, falando que eu tinha uma relação de homem e mulher com meu pai Orlando [Morais, músico]. Ele é meu pai, cara. Como as pessoas podiam falar uma coisa dessas? Foi um momento horrível, mas consegui ver um lado bom: me espiritualizei, comecei a ler, olhar para dentro de mim. Hoje em dia, isso não me afeta mais. Decidi que não vou dar o poder da minha felicidade na mão de ninguém.”

AUTOESTIMA

"Preciso de exercícios para me sentir confiante, focada, então sempre tento correr ou treinar boxe. Mas não tenho conseguido fazer com frequência. Meu problema é gostar muito de comer. Olha só: a pessoa vai fazer uma capa da Marie Claire às 11h da manhã e, na noite anterior, come quatro pratos de estrogonofe com arroz e batata palha. Quatro! Como faz? Minha bunda deu uma caída, a perna está gordinha. Estou com celulite no braço! Mas lido bem com isso. Quando preciso, passo uma semana no chá de hibisco, seguro o carboidrato, bebo menos. Mas não quero abrir mão de comer. Prefiro o meio-termo: tenho minhas celulites charmosinhas e está tudo beleza. Quando me ligaram perguntando o que achava de tirar a roupa para a revista, topei na hora. Quero mostrar que eu sou dona do meu próprio corpo e das minhas vontades e que ninguém tem o direito de me tocar se eu não quiser.”

AMOR

“Adoro a convivência com o outro, mas sou bem individualista. Quero um homem para quem eu seja a rainha. Que ele pegue tudo o que viveu até hoje, tudo o que quer viver, junte com a minha existência e faça disso uma terceira coisa. Só quero isso! [risos]. As pessoas têm preguiça de alimentar a paixão. Então prefiro ficar solteira. Minha mãe é casada há uns 30 anos, já vi a relação deles se transformando muito, é lindo. É óbvio que não dá para se espelhar em ninguém e, exemplo por exemplo, tenho também o do meu outro pai [Fábio Jr., que se casou seis vezes]. Casei com o João [Vicente de Castro] por quatro anos, e com o Rômulo, por quase três. Embora as relações tenham terminado, penso que me saí bem no quesito casamento. Agora acho que vou ficar solteira. Relacionamento é bom, mas cansa.”

OS PAIS

"Sempre quis fazer tanta coisa diferente na vida profissional que tinha dificuldade em me comprometer com uma só. Minha primeira paixão, por exemplo, é a música e agora quero olhar mais para ela. Já pedi para a Antonia, minha irmã, produzir as canções. Escrevi uma letra, “Areia Firme”, aos 17 anos e meu pai Orlando musicou. Meu outro pai, Fábio, fez uma música e gravamos juntos no último álbum dele. Agora quero algo só meu.”

TESÃO

"Estou solteira, solteirinha, há cinco meses, mas tenho casos de amor, porque gosto de sexo. Não de qualquer sexo, preciso ter uma conexão com a pessoa. Por mais que você vá para uma one night stand, tem que ter uma coisa de pele, de encaixe. Se não tiver isso, prefiro fazer sozinha – o que, aliás, eu gosto também, embora prefira a troca. Minha vida sexual e amorosa está ficando mais fácil com o passar dos anos. A gente vai conhecendo o próprio corpo, os desejos, as emoções. Às vezes eu estou a fim de uma pessoa, seduzo, levo para casa, mas, se o negócio não evolui como eu imaginava ou se mudo de ideia, peço para ele ir embora. O cara pode ficar puto, falar o que for, mas não vou servir de extensão do ego dele. Mesmo se eu estiver completamente pelada, só transo se eu quiser. Ninguém pode me forçar.”





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