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Esportes
Segunda - 01 de Agosto de 2016 às 07:27
Por: Isabela Mercuri - Olhar Direto

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Quando deixou Cuiabá, Leonardo Lemes sabia que precisava procurar um novo destino. Pouco tempo depois de ter sofrido um grave acidente, precisava buscar uma nova alternativa e decidiu praticar esportes. Hoje, já tem seis medalhas e um troféu, e além de basquete na cadeira de rodas também pratica ciclismo adaptado, pedalando com as mãos.


O acidente aconteceu em maio de 2009. Leonardo e sua esposa Alane Andrade estavam indo para um pesqueiro numa segunda-feira, quando uma sucuri cruzou o caminho. “Aí eu passei a sucuri e lá na frente eu voltei pra ver a cobra, fiquei curioso. Nessa vinha um carro em alta velocidade na curva e não conseguiu parar. Ele pegou eu e minha esposa. Triturou, quebrou minha perna (...) tinha pedaço de carne, osso, ficou tudo no motor da moto. Eu tive escoriações na cabeça, quebrou capacete, minha esposa quebrou clavícula, foi muito feio o acidente”, conta.



Por consequência, Leonardo ficou com a bacia quebrada e teve que amputar a perna. Apesar de ter perdido uma parte de seu corpo, no mesmo dia ele ganhou outra. “No acidente a minha mulher quebrou a clavícula e o tornozelo. Ela fez a operação no tornozelo e teve que colocar pino. E a gente descobriu que ela estava grávida, que era uma coisa que a gente estava tentando há muito tempo. Ela operou, fez raio-X, tudo o que uma criança não aguentaria. E no final das contas, a nossa filha é perfeita”.



Na mistura de emoções que vivia, Leonardo decidiu acreditar. Ele conta que seus pais, que viviam em Curitiba, vieram para Cuiabá e não queriam aceitar a amputação de sua perna. “Em nenhum momento eu chorei por causa da minha perna. A todo o momento eu estava consciente que ia ser uma pessoa deficiente, e eu só queria viver”.




Leonardo pratica Mountain Bike com bicicleta adaptada, os pedais ficam nas mãos (Foto: Arquivo Pessoal)



Superação



A escolha pela vida não foi uma tarefa fácil. Seis meses antes de sofrer esse acidente junto a sua esposa, a família de Leonardo tinha passado por outra tragédia. Em um acidente de carro, morreram sua prima gestante e um tio, somente seu pai sobreviveu. “Eu sofria cuidando dele, eu não tinha condição financeira, comprava pequi pra vender pra poder juntar e ajudar. Ele pegou infecção generalizada na Santa Casa, e eu sempre trabalhando pra cuidar dele”. Quando o pai finalmente saiu de perigo, a vida de Leonardo deu uma reviravolta.



Ele decidiu sair de Cuiabá para dedicar sua vida ao esporte. O que antes era somente o ‘futebolzinho’ de domingo, se tornou a razão para continuar vivendo. “Fui embora pra buscar uma melhor oportunidade e procurar um esporte adaptado pra minha deficiência depois do acidente. Em Cuiabá não tem tanto esporte com acessibilidade como em Curitiba”, conta.



Onde vive agora, Leonardo faz parte do time ADFP Fênix de basquete na cadeira de rodas. Com seu time, já venceu a 10ª Copa Rotary da Inclusão de Curitiba, a 2ª Copa de Curitiba de Basquete Cadeira de Rodas e ficou em segundo lugar na Copa Centro Sul-Sudeste de basquete de cadeira de rodas. Neste mês de julho, participou do ‘Esquenta Mountain Bike Subway’ com sua bicicleta adaptada. No total, foram vinte quilômetros de percurso com subidas, descidas, buracos, trilhas e muita adrenalina.






Medalhas que Leonardo ganhou nos últimos anos (Foto: Arquivo Pessoal)



“Eu jogava futebol, fazia academia. Hoje, depois que fiquei deficiente, vejo o esporte totalmente diferente, como algo que preciso, algo que vivo. Antes eu não tinha essa visão, hoje eu tenho, minha vida mudou muito”, conta Leonardo.



Olhando para trás, o cuiabano até brinca que o acidente lhe deu mais coisas boas do que ruins. “Eu penso que não é porque eu tenho essa deficiência que eu tenho que parar minha vida. Hoje eu adquiri coisas que antes eu não conseguia, muita experiência, muitas coisas boas”, afirma, sempre se lembrando do apoio dos pais, amigos, da família, da esposa e também de sua filha. O único problema é a saudade: “Que saudades da minha terra. Lembrando dessa cidade hospitaleira dá até saudades de comer peixe, manga e pequi”, finaliza.





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