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Meio Ambiente
Quinta - 23 de Julho de 2020 às 11:47
Por: G1-MT

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Queimadas no Pantanal de Mato Grosso — Foto: ICV/Assessoria
Queimadas no Pantanal de Mato Grosso — Foto: ICV/Assessoria

O Pantanal mato-grossense teve um aumento de 530% nos registros de queimadas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Os focos de calor em alta durante o período chuvoso no bioma alertam para um cenário crítico com a chegada da seca em todo o estado, época mais suscetível às queimadas.

Os dados foram obtidos a partir de uma ferramenta interativa lançada nesta quinta-feira (23) pelo Instituto Centro de Vida (ICV) para o monitoramento dos focos de calor no estado durante o período de proibição de queimadas.

Queimada na região de Poconé, no Pantanal de MT

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Queimada na região de Poconé, no Pantanal de MT

A ferramenta também mostra que a antecipação do período proibitivo pelo governo do Estado não impediu um aumento de 12% no registro de focos de calor em comparação aos primeiros 15 dias de julho de 2019, quando a prática ainda estava liberada

Primeiro semestre

De janeiro a junho de 2020, foram registrados 6.747 focos de calor no estado, um aumento de quase 300 focos em relação a 2019 (com 6.450) e que contabilizou um acréscimo significativo em relação a 2018, com 4.383 ocorrências.

As queimadas no primeiro semestre foram lideradas pela Amazônia, com 60,93%, seguida do Cerrado, com 30,95%, e do Pantanal com 8,12%.

Queimadas aumentaram mais de 500% no Pantanal de Mato Grosso — Foto: ICV/Assessoria

Queimadas aumentaram mais de 500% no Pantanal de Mato Grosso — Foto: ICV/Assessoria

De acordo com Vinícius Silgueiro, engenheiro florestal e coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV -- setor responsável pelo desenvolvimento do painel, o período seguiu o mesmo ritmo alarmante do ano passado, com um pequeno aumento.

“Nos preocupa e chama a atenção a questão do Pantanal. É um bioma que, proporcionalmente, queimou mais que os outros dois que cobrem o estado, que é o cerrado e a Amazônia. Então, aconteceu um aumento de 530% se comparar janeiro a junho deste ano com janeiro a junho do ano passado”, disse.

Pantanal em risco

O painel mostra que o bioma Pantanal em Mato Grosso registrou um aumento de 530% nos focos de calor em relação ao mesmo período do ano anterior. De janeiro a junho, foram contabilizados 548 focos de calor no bioma. No mesmo período em 2019, foram contabilizados 87.

Dados do Inpe mostraram que o volume de chuvas em todo o bioma ficou 50% abaixo do normal no período de janeiro a maio, o que também colaborou para deixar o bioma mais suscetível aos incêndios.

Um destaque foi o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, que passou de três para 99 ocorrências e figurou como a unidade de conservação com o maior índice de focos de calor no estado no semestre.

Pantanal mato-grossense — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT

Pantanal mato-grossense — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT

O parque está localizado em Poconé, município do estado que lidera as queimadas no período, seguido por Nova Maringá, Feliz Natal, Paranatinga e Brasnorte.

Filhote de onça-pintada e a mãe são observados em Porto Jofre, no Pantanal de Mato Grosso — Foto: Ailton Lara

Filhote de onça-pintada e a mãe são observados em Porto Jofre, no Pantanal de Mato Grosso — Foto: Ailton Lara

Os imóveis privados com inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ainda respondem por 75% das ocorrências.

Em geral, o corte raso da vegetação nativa é seguido do uso de fogo para o preparo do terreno para atividades agropecuárias.

“E mesmo no período de chuva, entre janeiro, fevereiro a março, esse número de focos foi bem alto. Os registros indicam que choveu 50% a menos do que normalmente chove nesses primeiros meses do ano. Isso pode ter contribuído para que os focos de calor saíssem de controle queimasse grandes extensões de área”, explicou o engenheiro.

Com o aumento de focos de calor registrados até o mês de maio, o governo de Mato Grosso adiantou o período proibitivo, iniciado no dia 15 de julho nos anos anteriores, para o dia primeiro de julho e o estendeu até 30 de setembro.

A legislação estadual vigente prevê o uso do fogo para limpeza e manejo de solo na área rural mediante a autorização de queimada controlada emitida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema/MT).

O Pantanal tem muitas áreas remotas, como Porto Jofre, localidade de Poconé (MT) que só pode ser acessada de avião ou pela Transpantaneira, estrada com mais de 100 pontes, muitas ainda feitas de madeira — Foto: Eduardo Palacio/G1

O Pantanal tem muitas áreas remotas, como Porto Jofre, localidade de Poconé (MT) que só pode ser acessada de avião ou pela Transpantaneira, estrada com mais de 100 pontes, muitas ainda feitas de madeira — Foto: Eduardo Palacio/G1

A proibição da prática entre os meses de julho e setembro visa evitar incêndios florestais causados pela vegetação mais vulnerável durante a estação da seca e evitar danos à saúde por problemas respiratórios, em 2020 de maior risco devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).

Paralelamente, no dia 16 de julho o Governo Federal decretou a proibição das queimadas no país inteiro pelo período de 120 dias para conter danos ambientais e de saúde.

No entanto, nos quinze primeiros dias do mês em Mato Grosso, já com a proibição em vigor, foi detectado um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 754 focos de calor registrados, um aumento de 80 focos em relação a 2019, que somou 674 focos.

Dos focos, 393 foram em imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), seguido de 188 em terras indígenas. Os municípios que comandam a lista são Cáceres, Nova Maringá, Tangará da Serra e Luciara.





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