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Cultura
Segunda - 15 de Fevereiro de 2021 às 10:11
Por: Elizeu Silva/Da Assessoria

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No livro “Papa-bananas ilustres” lançado em dezembro de 2010 pelo professor, historiador e escritor Honório Laucídio Galvão ele escreveu parte da vida de dona Amália Curvo de Campos, falecida na quinta-feira, 11 de fevereiro, vítima de Covid-19.

Na concepção de “Um exemplo de vida”, o historiador discorre que dona Amália Curvo de Campos nasceu em 15 de janeiro de 1.925, na localidade rural de “Jacundá”, pertencente ao município de Nossa Senhora do Livramento/MT. Sendo ela filha de Francisco Alberto Curvo e Benedita Bernardina Cunha Curvo, e neta de Ana Antônia Curvo e João Alberto Curvo (avós paternos), e de Felipe Vieira da Cunha e Ana Rita Cunha (avós maternos).

Segundo o historiador, dona Amália teve como padrinhos de batismo Francisco Xavier de Campos “Nhô Chico do Monjolo” - que após viria a ser prefeito de Livramento, e Ana Francisca de Campos. Honório também conta que o batismo se deu na localidade de “Lavandeira”, para onde os padres franciscanos Frei Francisco Herail e Beraldo Mendes, sempre se dirigiam para rezar missas e ministrar os sacramentos.

Galvão é detalhista e coloca em parte do seu livro de 222 páginas de que dona Amália foi crismada por Oleogária da Cunha, que, por força do destino, tornou-se sua fiel escudeira, acompanhando-a pelo resto da vida.

Honório é professor da rede pública municipal em Livramento e de acordo com ele, aos oito anos de idade dona Amália foi para a cidade de papa-banana viver na casa dos seus tios Manoel Odorico Maciel e Estevina Monteiro da Silva, onde começou sua alfabetização, tendo como primeira professora Antônia de Arruda, popularmente conhecida como professora Tetê, também Maria Antônia Monteiro e a diretora Maria Arlindo da Costa. Com seis meses de estudos já sabia ler e escrever. Até a primeira amiga de dona Amália ele afirma que foi Maria Galdina da Silva.

“Na verdade, dona Amália passou quatro anos em Nossa Senhora do Livramento e depois se mudou para Cuiabá, passando a morar na Rua 13 de Junho, na casa do seu tio João Lourenço de Figueiredo, Pai de Cesário Neto e Guilhermina Figueiredo, aliás, professores de renome em Cuiabá”, diz Galvão.

Na sequencia, dona Amália estudou na Escola Barão de Melgaço durante três anos de onde concluiu o curso técnico em enfermagem para servir em Livramento, sua terra natal.

“Após uma boa temporada em Livramento ela foi morar em Várzea Grande, mas precisamente no Bairro do Porto, na casa de seus parentes Lícinio Monteiro da Silva e Isabel Arruda Monteiro da Silva (dona Bebé). Foi lá que ela conheceu o futuro marido, seo Fiote.”

Os relatos de Galvão continuam e dizem que dona Amália se casou no ano de 1944, com Júlio Domingos de Campos (seo Fiote), que também é de família tradicional livramentense, pois é filho de Veríssimo Domingos de Campos e de Porfíria Paula de Campos. Dessa união conjugal nasceram dez filhos: Doralice, Júlio, Circe, Juraci, Jayme, João, Ivete, Benedito, Marilene e Márcia.

Honório é minucioso e expõe que a família Campos comprou uma casa na Avenida Couto Magalhães onde fundou um bolicho que futuramente se tornou A futurista. “Progrediram na vida profissional trabalhando no comércio, local que serviu de berço para o nascimento dos filhos, que aumentou em número com adoção de mais três.”

Já na década de 50, segundo o professor, dona Amália Curvo encampa na política e vê o marido Júlio Domingos de Campos assumir a Prefeitura de Várzea Grande. “Ele foi o terceiro prefeito eleito após a criação do município”, completa o professor.

O que muitos não sabem e que merece ser destacado, como relata o professor, “é que Júlio Domingos de Campos, o seo Fiote, entrou na política influenciado por dona Amália, pois, era ela quem convivia no seio de famílias que sempre estiveram envolvidas com essa arte em Mato Grosso, como Licínio Monteiro da Silva, Emiliano Monteiro da Silva (Bastião), e tantos outros.”

Quando então primeira-dama do município de Várzea Grande, dona Amália foi peça-chave na construção do Posto de Puericultura hoje denominado Postão. Dedicou 18 anos de trabalho pela Saúde do povo várzea-grandense.

Como dona Amália era da Saúde, seu grande sonho foi realizado. Seguindo seus passos, dois dos seus filhos se formaram em medicina: João Francisco de Campos e Márcia Campos como farmacêutica/bioquímica. “Mas foi na política que ela se realizou plenamente, pois quatro dos seus filhos, seguiram o exemplo do pai, concorrem às eleições político/partidárias e venceram chegando a ocupar os cargos mais relevantes de cenário político/administrativo do Estado de Mato Grosso.”

A exemplo, Honório enumera: Júlio, Jaime, Benedito e Márcia. “Júlio José de Campos foi prefeito de Várzea Grande, deputado federal, governador, senador da República e Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Jayme Veríssimo de Campos foi prefeito de Várzea Grande por três mandatos, governador, senador da República. Benedito Paulo de Campos foi prefeito de Jangada, secretário de Estado de Cultura, e Márcia Campos vereadora por Cuiabá.”

“Tenho plena certeza que dona Amália se orgulhou muito da sua origem livramentense e pode se dizer também que foi uma vitoriosa por ter vencido todas as diversidades da vida, e de ter constituído uma família digna, laboriosa e honrada. Na quinta-feira, 12, aos 96 anos de idade, ela nos deixou, contudo, bastante lúcida e ativa, e se gabando dos seus netos, bisnetos e seus 14 irmãos."

Para o professor livramentense, dona Amália foi sem dúvida, uma das papa-bananas mais determinadas da história recente de Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso e, quiçá, do Brasil. “Na verdade, um exemplo de vida, liderança, sensibilidade e de realização pessoal. Em resumo: Dona Amália foi uma verdadeira ilustre papa-banana”, conclui o professor/historiador.

Dados do autor

Honório Laucidio Galvão nasceu no dia 30 de setembro de 1967, na cidade de Cuiabá-MT, na Rua Jardim das Oliveiras, hoje bairro Verdão, filho de Simão Leite Galvão e de Maria Vicência Galvão, ambos de família humilde oriundos da zona rural do município de Nossa Senhora do Livramento.

Aos 07 anos de idade retorna com os pais para Livramento e vão morar no Sítio Buritizinho, distante 4 km da sede do município e aos 12 anos, em 1979, mudam definitivamente para a cidade de Nossa Senhora do Livramento.

De formação religiosa cristã, ele foi batizado na Igreja Matriz pelos tios João Pedro Galvão e Lucia Antunes Ferraz e Silva.

Fez os primeiros estudos na Escola Estadual “José de Barros Maciel”, terminando o Ensino Fundamental e Médio na Escola Estadual Prof. “Feliciano Galdino”, também em Nossa Senhora do Livramento.

Honório Galvão é Licenciado em Pedagogia pela UFMT (1995); e Ciências Naturais e Matemática com habilitação em Física também pela UFMT (2007); possui pós-graduação em “O Fazer Pedagógicos nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental” pela Associação Várzea-Grandense de Ensino e Cultura – IVE (2003).

É funcionário público municipal há mais de 20 anos. Exerce atividades docentes em escolas publicas estadual e municipal.

Desde jovem sempre esteve envolvido com a cultura por meio da participação em festas de Santo realizadas na residência de seus avós maternos Antonio Epifânio da Costa “Bugre” e Benedita Antunes Ferraz, no sítio Buritizinho.

Na década de 80, juntamente com a primeira dama do município Sra. Maria Aparecida Abes Botelho, numa iniciativa ousada para a época criam a Casa do Artesão, hoje Casa da Cultura livramentense, depois de ter vencido um concurso em nível regional, que visava a revitalização dos presépios natalinos, em 1985, promovido pela extinta Fundação Cultural de Mato Grosso.

Atualmente o professor Honório Laucidio Galvão, realiza pesquisa na área de humanidades com enfoque no folclore, história e educação local e regional com o firme propósito de resgatar a cultura pantaneira.





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