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Judiciário e Ministério Público
Terça - 30 de Março de 2021 às 05:28
Por: Thalyta Amaral/Gazeta Digital

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O juiz Luiz Octavio Oliveira Saboia Ribeiro, da 3ª Vara Cível, fez um desabafo ao ter que negar o pedido de tutela de urgência para uma paciente com covid-19 que está na rede pública e tenta uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em um hospital particular de Cuiabá. Ele chamou os políticos do estado de "Pôncio Pilatos", fazendo referência ao governador romano que "lavou as mãos" sobre a condenação de Jesus.

O magistrado afirma em sua decisão que em Mato Grosso "os representantes eleitos pelo povo optaram, recentemente, em fazer como Pôncio Pilatos e não permitiram que medidas mais amargas, mas necessárias, fossem adotadas neste momento de extrema seriedade".

A família de uma idosa com covid-19, que está com 65% dos pulmões comprometidos, pedia para que os hospitais particulares fossem obrigados a conseguir uma vaga de UTI para a paciente. A mulher está internada na Policlínica do Verdão. Segundo a família, por causa da fila de espera por leitos de UTI foi necessário recorrer à Justiça.

O juiz reconheceu a gravidade do caso, mas negou a tutela de urgência por não poder autorizar que a idosa "passe na frente de outras pessoas que podem (e com certeza estão, pois existe necessidade médica recomendando a internação em UTI) estar precisando da aludida vaga com gravidade similar ou maior que a apresentada pela autora".

De acordo com o magistrado, quem está na fila de espera "tem que rezar para que um leito desocupe", situação que tem causado "estresse e angústia dos médicos de linha de frente, que diante de toda a sorte de preocupações e excesso de trabalho, podem agora estar enfrentando conflitos existenciais por ter que tomar decisão que somente deveria ficar na mão de Deus, não de um ser humano".

Filho de um médico, Luiz Octavio chama os profissionais da saúde de "verdadeiros heróis" e critica aos dirigentes que se comportam como "brigões de escola", sem resolverem o problema, e as pessoas que se comportam como "cientistas de WhatsApp, Facebook e demais redes sociais", questionando "as recomendações médico-científicas, preferindo apostar em crendices e outras soluções mágicas.

E que a sociedade "não foi informada de modo adequado, nas diversas esferas de Poder, sendo que aqueles que possuíam a referida obrigação, muitas vezes optaram por discurso negacionistas ou mesmo divergentes, permitindo, que vaidades pessoais impedissem a construção de planos, cenários e adoção de providências sérias e concretas que pudessem impedir ou minimizar o impacto na presente histórica".

Ele também afirma na decisão que "a sociedade não vem colaborando" e que medidas como o distanciamento social e precauções sanitárias não estão sendo respeitadas, com vários casos de pessoas lotando "bares, praças e demais estabelecimentos da Capital, sentados como se o vírus não agisse, e pior, sem se importar com as consequências dos atos para aqueles que possuem comorbidades ou são idosos".





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