Não vira jacaré
Trombose é efeito colateral raro após vacina; veja quais são os mais comuns

As vacinas contra a Covid-19, até onde pode provar a ciência, não fazem ninguém virar jacaré, mas podem, sim, fazer com que quem recebeu alguma dose sinta calafrios mesmo em uma madrugada calorenta típica de Cuiabá. Bulas dos imunizantes utilizados no Brasil contra o vírus preveem reações comuns, como dor de cabeça, hematomas, náusea, diarréia, sensação de calor, coceira e dor nas articulações.

Efeitos como a trombose, por outro lado, são considerados raros. Isto porque, de acordo com a coordenadora do Programa Nacional de Imunização, Franciele Francinato, enquanto proporção de trombose e AVC pela vacina está em 1 caso a cada 100 mil, o número de óbitos em grávidas por Covid-19 é de 20 por 100 mil.

Rodinei Crescêncio

Especialistas ressaltam que efeitos colaterais não prejudicam a eficácia dos imunizantes. Médica infectologista Marcia Hueb destacou que os sinais para ficar em alerta são os que evidenciam uma possível reação alérgica grave, como sensação de desmaio, tontura, mudança no batimento cardíaco, falta de ar ou respiração ofegante, conforme prevê a bula da Astrazeneca.

“Existem efeitos mais raros e qualquer manifestação sem causa definida após se vacinar pode ser um efeito adverso e deve ser relatado. Não há como evitar esses possíveis efeitos. Porém, se houver histórico de alergia grave, pode ser adequado usar um antialérgico algumas horas antes de se vacinar”, alertou.

Sintomas como vômitos e tontura também foram pontuados na bula, mas são classificados como “incomuns”. Hueb, no mesmo sentido, afirmou que os efeitos relatados podem ocorrer por qualquer vacina. Contudo, o serviço de saúde deve ser procurado para atendimento quando as reações são intensas e não diminuem após 4 ou 5 dias.

Jornalista Fátima Lessa, de 60 anos, recebeu a 1ª dose da AstraZeneca no dia 22 de abril, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá. No local, ela esperou os 15 minutos recomendados após a aplicação para análise de possível efeito adverso. O que não aconteceu. Porém, no mesmo dia, ao dormir, sentiu o corpo diferente do habitual.

Vitor Ostetti/ Midia News

“Acordei de madrugada com calafrio. Como se eu estivesse com febre. A sensação era de corpo quente e eu sentindo muito frio. No outro dia eu também fiquei com o corpo mole pela manhã. No sábado eu estava ainda me sentindo mal. Mas no domingo, tudo já estava tranquilo, eu já estava até querendo ir para a praia”, brincou.

Jornalista Fátima Lessa diz que a sensação é de alívio e espera por dias melhores no país

De acordo com o documento, nos estudos clínicos a maioria dos efeitos foi de natureza leve e moderada e resolvida dentro de poucos dias. No caso de Fátima, mesmo com o pequeno efeito adverso, ela anseia para a chegada de julho, quando deve receber a 2ª dose do imunizante. Agora, a sensação é de alívio. Ela espera por dias melhores em que todos estarão imunizados e ela poderá voltar a ter contato com as pessoas que ama.

“Mas eu ainda uso duas máscaras, passo álcool em gel toda a hora em que saio de casa. Eu vou no mercado várias vezes por semana, mas não é porque eu tomei a vacina que eu posso descuidar. Não posso colocar tudo a perder agora que já consegui ser vacinada”, finalizou.

Anticorpos

As vacinas, tanto da CoronaVac quanto da AstraZeneca, estimulam o sistema imune, que são as defesas naturais do corpo. Com isso, faz com que o organismo produza sua própria proteção, os denominados anticorpos, contra o vírus causador da Covid-19. Os ingredientes do imunizante, é válido ressaltar, não causam a doença.

No caso da CoronaVac, as duas doses devem ser aplicadas com um intervalo de 2 a 4 semanas. Para a AstraZeneca, o prazo é um pouco maior, de 12 semanas. Em Mato Grosso, cada município tem seu calendário específico de vacinação. Em Cuiabá, estão sendo vacinados idosos com 60 anos ou mais, forças de segurança, trabalhadores da saúde e pessoas em vulnerabilidade, como adultos com Síndrome de Down, pessoas de 40 a 59 anos e grávidas com comorbidades.