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Internacional
Terça - 25 de Maio de 2021 às 17:09
Por: Da Assessoria

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Fernando Zhiminaicela/ Pixabaycoronavirus.JPG

Por quanto tempo o novo coronavírus (SARS-CoV-2) pode sobreviver? Essa é uma pergunta de difícil resposta para os cientistas, ainda mais dependendo da superfície em que o vírus da COVID-19 se encontra. Agora, pesquisadores britânicos defendem que este agente infecioso pode ser encontrado, em um tecido humano, mesmo após, praticamente, um mês do óbito de um paciente.

Em artigo publicado na BMJ Case Reports, grupo de médicos e pesquisadores do Reino Unido relataram a descoberta do novo coronavírus em um cadáver, depois de 27 dias de sua morte. Em autópsia, o SARS-CoV-2 foi identificado nos pulmões da vítima fatal da COVID-19. Durante esses quase 30 dias, o corpo permaneceu em refrigeração média, com uma temperatura entre 4°C e 6°C.

Segundo os responsáveis pelo relato, a descoberta "pode ter um efeito significativo no manuseio de amostras de laboratório, bem como no descarte do cadáver, e esses protocolos precisam ser revisados para refletir essa descoberta". Isso porque, em tese, o cadáver poderia permanecer infeccioso em algumas circunstâncias. "Acreditamos que esta seja a primeira vez que o vírus se mostrou detectável no tecido pulmonar 27 dias após a morte", afirma o grupo.

Quase um mês: entenda o caso

Um homem, de aproximadamente 50 anos, deu entrada em um hospital do Reino Unido, após uma parada cardíaca, seguida de morte. De acordo com o relato médico, "ele teve um histórico de febre alta e falta de ar nos últimos 10 dias. Ao notar o agravamento da falta de ar, ele procurou o serviço de emergência, mas piorou rapidamente enquanto aguardava a chegada da ambulância.

Depois de verificar detalhes da ficha do paciente, os responsáveis pelo caso passaram a suspeitar que a morte tinha relação com a COVID-19 e, dessa forma, realizaram um exame do tipo RT-PCR no paciente, com a coleta de amostras das suas vias respiratórias através de um swab (espécie de cotonete). Mesmo que esse exame inicial tenha dado negativo para a infecção, os médicos continuaram a suspeitar da infecção viral. Na época, o hospital não incluía a testagem sorológica em seus procedimentos, onde seria possível verificar a presença (ou não) de anticorpos contra o coronavírus.

Após o óbito, foi solicitado um segundo exame para esclarecer um possível resultado "falso negativo" para a COVID-19 no paciente. Entretanto, esse teste levou 27 dias para ser realizado. Em análise das amostras, foi confirmada a infecção por coronavírus e, em autópsia, os médicos encontram o vírus nos tecidos pulmonares da vítima. "[Isso] prova que o vírus pode ser detectado em tecido humano morto quase um mês depois", afirmam os pesquisadores envolvidos no caso.

Quanto tempo o coronavírus pode sobreviver?

Por quanto tempo o coronavírus pode resistir em um cadáver? Ele permanece contagioso neste estado? Essas seguem sendo perguntas sem respostas durante a pandemia da COVID-19. Ainda em abril, foi relatado no Journal of Forensic and Legal Medicine o caso de um médico que teria sido contaminado pelo coronavírus a partir do manuseio de um cadáver, já que era legista. No entanto, o artigo foi posteriormente removido, porque não era possível afirmar, com precisão, onde aconteceu a infecção, pois o hospital estava repleto de pacientes contaminados.

De acordo com o virologista da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, Matthew Koci, uma vez que o corpo morre, o coronavírus não pode mais se replicar. No entanto, o agente infeccioso pode permanecer no tecido por um determinado período, explica. Quanto tempo isso pode durar dependerá de fatores como quais tecidos estão infectados e em que condições estão armazenados. No caso britânico, foi em baixas temperaturas.

No texto publicado, os pesquisadores argumentam que entender por quanto tempo o coronavírus pode sobreviver em um tecido humano morto é uma "informação chave" e que pode modificar os protocolos adotados até então na pandemia. É provável que "o vírus persista e permaneça viável em cadáveres, daí a necessidade de usar equipamento de proteção individual adequado ao manusear corpos de pessoas falecidas e durante os exames pós-morte", completa o artigo.





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