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Meio Ambiente
Terça - 13 de Julho de 2021 às 11:54
Por: Andhressa Barboza/RD News

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Amorte de cerca de 40 toneladas de peixes em confinamento (tanques-rede) no reservatório da Usina Hidrelétrica do Manso, em Chapada dos Guimarães, pode ser mais um indício do início da grave crise hídrica anunciada para este ano. Sob alerta, inclusive, de apagão na produção elétrica no país, a UHE Manso, única capaz de armazenar água no Estado, está funcionando com apenas 25% de sua capacidade devido à baixa quantidade de água no reservatório.

Apesar da empresa informar que cumpre com as determinações dos órgãos reguladores (leia nota no final da matéria), não há um plano de ação para a emergência ambiental. Além disso, produtores da piscicultura podem ter maiores prejuízos com o avanço do período de seca.

“O monitoramento existe, mas não vejo controle sobre isso, um trabalho sobre esses valores e a gente tem tecnologia para isso”, alerta o pesquisador e professor da UFMT, Rafael Pedrollo.

Por um lado, ele explica que “em questão de operação, não parece que Furnas tem muita responsabilidade sobre esse caso. Contudo, se considerar que Furnas é responsável pelo reservatório, uma vez que, se não fosse a usina ele não existiria, e os rios Manso e o Cuiabazinho não tivessem a barragem, os rios teriam condição de corredeira maior, maior oxigenação e não acumulo de sedimentos”.

O pesquisador vê sentido na explicação da empresa de que a morte dos peixes em confinamento se deve à inversão térmica. Mas, vê relação com a menor quantidade de água. Se acontece de inversão térmica diante da baixa do reservatório, acontece outro fenômeno que é a redução da quantidade da água para diluir a quantidade de sedimentos em anaerobiose (pouco oxigênio). Com tendência de intensificar a seca com parâmetros ainda mais preocupantes do os do ano passado, os casos de morte de peixes devem ser mais frequentes. Com chuvas abaixo da média histórica, os principais rios estão com seus menores valores em relação a 2020, já no início do período de estiagem.

“Nesse lado, a empresa deve monitorar, o que ocorre em diversos pontos. Mas seria importante um incentivo de modelo de qualidade da agua para o reservatório que indiquem a grande multiplicação de alga ou ciano bactérias que possam, de certo modo, fazer uma previsão, considerando a temperatura, por exemplo”.

Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) garante que “a suposta morte de peixes em piscicultura particular não se relaciona com o reservatório de Furnas”. Técnicos da Sema e da empresa realizaram uma varredura no reservatório e a secretaria afirma que não foi encontrado vestígio da morte de peixes.

Além disso, “as imagens dos vídeos que circulam na internet, a morte de peixes pode ter ocorrido em uma piscicultura particular, fora da atividade da represa”.

AL quer respostas

Rodinei Crescêncio

Deputado Allan Kardec

Promulgado o PL que cria programa de repovoamento de peixes em barragens

A Comissão de Meio Ambiente da Assembleia tem debatido o tema e chegou a convocar o diretor de Furnas, Clóvis Torres, para audiência nesta terça (13). Contudo, a empresa confirmou apenas “a participação virtual de especialistas do Departamento de Gestão do Meio Físico-Biótico e da Gerência de Produção Goiás”, o que não deixou satisfeitos os deputados, Allan Kardec (PDT) e Wilson Santos (PSDB), que assinaram a convocação.

Os parlamentares cobram de Furnas maior atenção ao caso e articulam uma saída para evitar que novos desastres aconteçam.

Os impactos para os peixes com a implantação de hidrelétricas foi tema ainda de um controverso Projeto de lei (nº 126/2021) de autoria do pedetista que cria o Programa de Repovoamento de Peixes nas Barragens de Usinas Hidrelétricas e Pequenas Centrais Hidrelétricas em MT. No texto, que foi vetado pelo governador Mauro Mendes (DEM) e depois promulgado pelo Legislativo que derrubou o veto, há previsão de multas ambientais decorrentes de mortandade de peixes.

Leia nota da Sema

A suposta morte de peixes em piscicultura particular não se relaciona com o reservatório de Furnas. Foi realizada uma varredura no reservatório e não foi encontrado vestígio da morte de peixes.

Como mostram as imagens dos vídeos que circulam na internet, a morte de peixes pode ter ocorrido em uma piscicultura particular, fora da atividade da represa. O piscicultor não foi identificado ainda para ser fiscalizado.

A Sema-MT mantém a possibilidade de ter ocorrido algo comum na região: desestratificação térmica - que significa a falta de oxigênio na superfície por troca térmica da superfície com água mais profunda.

Leia nota de Furnas

FURNAS confirma a participação virtual de especialistas do Departamento de Gestão do Meio Físico-Biótico e da Gerência de Produção Goiás na Audiência Pública solicitada pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso a ser realizada em 13/07/21 em Cuiabá.

A empresa afirma que não há qualquer relação entre a morte de peixes verificada em alguns pontos de tanques-rede utilizados pela piscicultura no reservatório do Aproveitamento Múltiplo de Manso, e a operação da usina hidrelétrica.

Conforme apontado pela SEMA-MT, a morte dos peixes nos tanques-rede foi devido às bruscas variações de temperatura experimentadas nos últimos dias na região. Em situações de confinamento (tanques-rede), a grande concentração de indivíduos e a não possibilidade de deslocamento para áreas com melhores condições de temperatura da água podem acarretar a mortandade de peixes, como relatado nos vídeos citados. A empresa conduz desde a implantação do empreendimento, o Monitoramento Hidrológico, da Ictiofauna, Limnológico e da Qualidade da Água do reservatório de Manso.

FURNAS cumpre estritamente as determinações dos órgãos reguladores na operação dos empreendimentos hidrelétricos sob sua concessão. A Usina de Manso e está operando conforme despacho do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável por operar o conjunto de reservatórios brasileiros de forma integrada, com o objetivo de garantir a segurança energética.





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