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Cidades/Geral
Sexta - 15 de Outubro de 2021 às 16:15
Por: Natália Leão | Seduc - MT

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Professora Ivelise com os alunos no último dia das crianças realizado presencialmente, em 2019

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Professora de matemática que planeja estar em sala até quando os cálculos permitirem, jovem professora que encontrou na gameficação um jeito de ensinar biologia, um professor apaixonado pelos números que se descobriu youtuber e professor da língua inglesa que enfatiza que os profissionais da educação mostraram ao mundo que são perseverantes. Estes são alguns dos milhares de exemplos da dedicação no contexto da pandemia.

Foram muitos desafios e todos reconhecem que há ainda muitos outros para recuperar a aprendizagem dos estudantes, mas no dia a dia provam que estão prontos para continuar superando, se reinventando e cumprindo o papel social mais importante que existe, o de educar, de preparar as crianças, jovens e adultos para um futuro mais promissor.

Em meio aos relatos de persistência e desafios em lecionar na presença do vídeo, são inúmeras as histórias dos mais de 23 mil professores da rede ensino do Estado. Em homenagem ao dia dos professores, a Secretaria de Estado de Educação separou histórias de quatro profissionais que estão vivendo momentos distintos na carreira, mas que se assemelham à rotina de muitos professores pelo mundo.

Como quem adivinhasse as adversidades futuras, Ivelise Fátima Moura Jeronymo, professora de matemática há 40 anos, decidiu ouvir o conselho do filho e fazer cursos de atualização das plataformas digitais antes da pandemia começar. “Lógico que havia o entrave de ser uma mulher de 66 anos na frente da tela, mas as ferramentas eram tão intuitivas e dinâmicas que já me imaginava ensinando geometria com os recursos”, relata a professora do 1º e 2º ano do Ensino Médio na Escola Liceu Cuiabano, na Capital.

Um ano e sete meses depois, Ivelise descreve não ter se acostumado ainda com a troca do quadro do início da carreira pelo mouse pad. Ela continua achando incrível as possibilidades da matemática no ambiente digital, mas frisa que nada substitui a presença dos estudantes. Acostumada a ter matemáticos a sua volta, já que o filho e a nora também lecionam matemática na rede de ensino, a professora diz ser essencial o elo professor e aluno para o ensino da disciplina.

“Passei a maior parte da minha carreira lecionando para o Ensino Médio, tenho histórias tão importantes que fazem parte da história da minha família. Minha conquista mais recente foi a de uma aluna que passou a se sentar ao meu lado, durante as aulas, para melhorar o aprendizado e terminou o ano com a nota máxima. Sinto falta da presença, gostaria de ter os recursos digitais em sala, afinal, a matemática, essa matéria vista como difícil, só se torna possível ensinar pelo afeto. É na conquista dos alunos que eles passam aplicar matemática no cotidiano. Quero mais histórias como dessa aluna”, comunica a professora.

Em Água Boa, na Escola Estadual Antônio Grohs, a realidade das ferramentas digitais também conquistou o professor de matemática Kliver Moreira Barros, 38 anos. Kliver considera positivo o desenvolvimento dos alunos. Pelo uso da tecnologia na elaboração de gráficos e acesso a sites de álgebra, conteúdos como cálculos e fórmulas passaram a ser mais acessíveis aos estudantes.

“Ensinar pelo vídeo foi um obstáculo para muitos. Então, se tem um conselho que deixo aos colegas nesse dia dos professores é que eles encontrem um meio termo de implementar o digital no ensino. Voltaremos às salas, mas para além de toda dificuldade que a covid nos trouxe, o que a pandemia nos apontou é a urgência de aulas tecnológicas”.

As aulas cheias de recursos do professor Kliver Barros tanto chamaram atenção dos estudantes que ele revela ter encontrado outra profissão. “Não me imaginava fora da sala de aula, mas de repente passaram a me chamar de youtuber. As minhas aulas passaram a ser tão animadas que me empenhei em fazer vídeos de bastante impacto e visualização”, destaca.

Professor Kliver ficou conhecido como youtuber devido as vídeoaulas

Arquivo Seduc

Já na região sul do Estado, a 630 km do professor-youtuber, em Rondonópolis, há 5 anos na rede estadual, Ligia Magrinelli, 35 anos, professora de Biologia do 2º e 3º ano do Ensino Médio, afirma que a pandemia mostrou o quanto os professores podem se unir e se reinventar.

“A pandemia foi um susto para minha prática de ensino. Mesmo sendo jovem, senti dificuldade. Quando pensamos em biologia, imediatamente pensamos em laboratório”, revela a professora.

Professora na Escola Adolfo Augusto de Moraes, Ligia diz que as aulas serviam como apoio aos alunos, “um momento em que eles podiam se abrir”. A pandemia mostrou a importância de se ter políticas públicas que valorizem o socioemocional”.

Ela, que também é orientadora de Ciência da Natureza e Matemática, conta que se viu como uma profissional ‘multitarefada’ durante a modalidade híbrida ao se dedicar na criação de games e aulas interativas. “O trabalho triplicou”, refletiu.

“Ao ensinarmos biologia é preciso mostrar aos alunos como acontece na prática. Comecei minha carreira agora e com todas as mudanças, foi pelo apoio que recebi e troca de ideias com outros professores que motivei os alunos a pensarem ‘fora da casinha’ na construção de laboratório em casa. Me vi dividida entre funções, considero uma experiência divertida, mas para o ensino da biologia é preciso mais. Com o presencial reduziremos as etapas de ensino”.

É também por aguardar as aulas presenciais que conhecemos a história de Marcos Antônio Prado, 53 anos, professor de língua inglesa do 6º ao 9º ano, em Várzea Grande. Com aulas nas Escolas Arlete Maria e Irene Gomes, o professor revela que o principal da pandemia foi poder mostrar aos alunos o lado humano dos professores.

“Do dia para noite estávamos com nossas casas no vídeo. Tenho uma filha pequena que de vez em quando aparecia na tela. Essa aproximação evidenciou que não somos de outro mundo e vivemos da mesma forma que eles”, reflete o professor Marcos.

Pensando nas adaptações da pandemia, Marcos explica que foi preciso muito mais do que empenho diante as constantes adaptações. “Como trabalhar o futuro tendo tantas adversidades pela frente? Como retratar questões que pudessem continuar criando sonhos? Acredito que todas as profissões tiveram que se reinventar, mas mesmo sabendo que há muito o que recuperar, mais uma vez, aceitamos o desafio que é ensinar. Mostramos ao mundo que somos perseverantes, uma classe pronta para o que der vier”, finaliza.





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