MT perdeu 27% das áreas naturais; pastagens cresceram 24% A extensão e a rapidez da mudança da cobertura e uso da terra são alguns dos fatores que elevam o risco climático do Brasil
MapBiomas alerta para o fato de a extensão e rapidez da mudança da cobertura e uso da terra serem alguns dos fatores que elevam o risco climático do Brasil
Em Mato Grosso, a área de vegetação nativa reduziu de 87% em 1985 para 60% em 2023, o que significa que a supressão das áreas naturais avançou 27%, nos últimos 39 anos no território mato-grossense.
Enquanto isso, a área de pastagem expandiu de 6% para 24% no mesmo período.
Os dados são do MapBiomas, que alerta para o fato de a extensão e rapidez da mudança da cobertura e uso da terra serem alguns dos fatores que elevam o risco climático do Brasil.
Os dados foram apresentados durante o Seminário Anual de lançamento da “Coleção 9” de mapas anuais de cobertura e uso da terra do MapBiomas, realizado na quarta-feira (21), em Brasília, com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Segundo o MapBiomas, áreas naturais incluem vegetação nativa, superfície de água e áreas naturais não vegetadas, como praias e dunas.
Metade desse total, ou seja, 55 milhões de hectares, ocorreu na Amazônia.
Em nível nacional, o estudo mostra que, desde a chegada da colonização europeia até 1985, o aniquilamento histórico de áreas naturais no país totalizava 20% do território.
Nos 39 anos seguintes, essa perda progrediu para outros 13% do território ou 110 milhões de hectares, totalizando a marca de 33% no ano passado.
Conforme o estudo, apenas o Rio de Janeiro teve aumento de vegetação nativa no período avaliado, que passou de 30% para 32% de seu território.
Assim como o território mato-grossense, os demais tiveram redução, sendo que as mais expressivas foram em Rondônia (de 93% em 1985 para 59% em 2023), Maranhão (de 88% para 61%) e Tocantins (de 85% para 61%).
Contudo, apesar da perda significativa, Mato Grosso ocupa a 10ª posição dentre os estados com maior proporção de vegetação nativa.
Os três primeiros são Amapá (95%), Amazonas (95%) e Roraima (93%).
“A perda da vegetação nativa nos biomas brasileiros tende a impactar negativamente a dinâmica do clima regional e diminui o efeito protetor durante eventos climáticos extremos. Em síntese, representa aumento dos riscos climáticos. Uma parte significativa dos municípios brasileiros ainda perde vegetação nativa; mas, por outro lado, os últimos quase um terço dos municípios brasileiros estão recuperando áreas de vegetação nativa”, disse o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.
BIOMAS – No mesmo período, a área de pastagem expandiu 79%, ou 72,5 milhões de hectares a mais em relação a 1985, e a de agricultura cresceu 228%, ou um acréscimo de 42,4 milhões de hectares.
E a agropecuária passou de 28% para 47% no Cerrado; de 28% para 45% no Pampa; de 3% para 16% na Amazônia; de 5% para 17% no Pantanal; de 28% para 38% na Caatinga; e de 63% para 65% na Mata Atlântica.
TERRAS INDÍGENAS - As áreas mais preservadas do Brasil continuam sendo as terras indígenas (TIs), que cobrem 13% do território nacional.
De 1985 a 2023, elas perderam menos de 1% de sua área de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas foram 28%.
Preservação que tem enfrentado constantes ameaças de invasores, que desmatam e praticam extração ilegal de ouro nos arredores.
Um exemplo é a Reserva Sararé, no município de Pontes e Lacerda (448 km a Oeste de Cuiabá).
Por lá, a Polícia Federal, em ação conjunta com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), deflagrou, no início deste mês, a terceira fase da operação “Incursões Sararé”, visando à proteção dos povos originários no território.
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