Mulheres negras têm mais risco de serem mortas no Brasil, aponta levantamento A análise da letalidade feminina no Brasil revela diversas facetas entre elas a intersecção entre racismo, gênero e desigualdade social.
No Brasil de 2023, o risco de uma mulher negra ser assassinada é 1,7 vezes maior do que o de uma mulher não negra, apontou o Atlas da Violência de 2025. A estatística, alarmante por si só, ganha contornos ainda mais graves quando desdobrada regionalmente: em 12 estados, a desigualdade é ainda mais acentuada.
Em Alagoas, por exemplo, o risco de uma mulher negra ser vítima de homicídio foi 28,5 vezes maior do que o de uma mulher não negra o cenário mais crítico do país.

Essa disparidade revela um traço persistente e brutal do racismo estrutural que atravessa o Brasil. Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), organizados pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mulheres negras representaram 68,9% das vítimas de homicídio no país em 2023, embora constituam 55,7% da população feminina brasileira.
Essa sobrerrepresentação das mulheres negras entre as vítimas se repetiu em 22 das 27 unidades da federação ou seja, em 88% do território nacional, incluindo Mato Grosso.

No Amapá, o desequilíbrio atingiu seu ápice: 100% dos homicídios femininos registrados em 2023 vitimaram mulheres negras, embora elas componham 79,6% da população feminina local.
Por outro lado, as mulheres não negras, que representam 44,3% da população feminina nacional, corresponderam a apenas 31,1% das vítimas de homicídio no país. Em diversos estados, essa sub-representação é ainda mais visível, o que evidencia o quanto o racismo estrutural molda o perfil das vítimas de violência letal no Brasil.
Letalidade feminina no Brasil: racismo, gênero e desigualdade
Mulheres negras enfrentam uma exposição desproporcional à violência letal, refletindo a estrutura racista da sociedade brasileira.
A condição de ser mulher, somada à raça, potencializa a vulnerabilidade, especialmente em contextos de violência doméstica e urbana.
A desigualdade social impede o acesso à proteção e à justiça, agravando os riscos enfrentados por mulheres negras.
O cenário exposto pelos dados de 2023 exige um debate urgente sobre políticas públicas, justiça racial e segurança para todas. Sem isso, continuará sendo verdade a máxima de que, no Brasil, o risco de morrer não é o mesmo para todas.
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