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Economia
Sexta - 20 de Abril de 2012 às 13:07
Por: Leandro J. Nascimento

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Encontro do setor de leite e derivados (Foto: Reprodução: TV Mirante)
Produtores querem estimular produção de leite
(Foto: Reprodução: TV Mirante)



Campeão brasileiro na produção de grãos e detentor do maior rebanho bovino do Brasil, Mato Grosso ainda precisa superar uma série de desafios para se tornar, em um prazo de até dez anos, o principal produtor de leite do país. A meta é ousada e consiste em atacar as principais carências que partem desde a falta de assistência técnica, tecnificação do setor, profissionalização, além de manter a sucessão familiar nos negócios.

No estado, a administração e mão-de-obra da propriedade continua em sua maioria familiar (propriedade, esposa e filhos). Porém, apenas 40% dos filhos querem permanecer na atividade. As conclusões são do "Diagnóstico da Cadeia Produtiva Leiteira no Estado", apresentado nesta quinta-feira (19), em Cuiabá.

Elaborado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) o levantamento mapeou a atuação do setor leiteiro mato-grossense. O estado é o 10º produtor no ranking brasileiro com uma produção de aproximadamente 700 milhões de litros ao ano. Responde por 2,3% da produção nacional. Minas Gerais, a maior produtora de leite produz acima de 8 bilhões de litros por ano. O projeto também contou com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado (OCB/MT e Sescoop-MT).

Rui Prado, presidente do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), destaca que os números mato-grossenses ainda são considerados tímidos, mas que é possível multiplicar o potencial do estado. Pelos cálculos do setor, elevando em 27% a produção a cada ano seria necessária uma década para saltar da 10ª para a 1ª posição no ranking brasileiro. "A cadeia do leite tem um potencial muito grande, mas não sabíamos como medir isso e de forma sistematizada. Temos condições de multiplicar por dez nossa produção. O interessante da cadeia do leite é que ela gera renda que permanece nas cidades", falou Prado, durante o lançamento do Diagnóstico.

Pequenos e médios produtores respondem pela maior parte da produção estadual. Mas a diferença entre os grupos puxam para baixo a média diária de leite do estado. Ela chega a 3,1 litros por animal, enquanto no Brasil está em 3,8 litros.

"Esse volume de litros por dia por cada animal é extremamente baixo e abaixo ainda do nível brasileiro. Atualmente, mais de 51% dos produtores produzem até 50 litros de leite por dia. Nosso desafio é tecnificar e ao mesmo tempo capacitar nosso produtor", comentou o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite), Alessandro Casado.

A disparidade entre pequenos, médios e grandes produtores no estado é acentuada. De acordo com o estudo, os produtores de acima de 500 litros/dia representam apenas 1,8% do número total de produtores e produziram em média 820 litros/dia. Na prática, os pequenos produziram pouco e poucos grandes produziram muito, afirma o mapeamento.

Outra realidade mensurada pelo Diagnóstico refere-se ao perfil dos produtores. A idade média de quem atua na atividade é de 51 anos. A maior parte dos produtores emprega a família na atividade. A exceção é o grupo que produz acima de 500 litros de leite. Estes contram 58,3% da mão-de-obra. Mato Grosso possui 20,9 mil propriedades leiteiras que produzem em média 92,6 litros de leite por dia.

Produção e produtividade
O estudo demonstrou que no tocante a produção e produtividade a produção por área em Mato Grosso somou 1.143 litros por hectare/ano, mostrando um "frágil poder de competição em relação à soja, algodão e pecuária de corte".

A produção média entre os produtores entrevistados em Mato Grosso foi 92,59 litros/dia e, em Goiás, 245,05 litros/dia (165%) maior. A produção/vaca em lactação em Mato Grosso foi de 5,92 litros/dia/vaca e, em Goiás, 8,17% litros/dia/vaca (38% maior).

Já a produção total, que refletiu a média geral do estado, chegou a 3,11 litros/dia enquanto em Goiás somou 4,95 litros/dia. "Aumentar a produção de leite de Mato Grosso é uma meta audaciosa", pontuou Otávio Celidônio, superintendente do Imea.

Oferta
O presidente da Aproleite, Alessandro Casado, destaca que para alcançar um nível considerado ideal, as vacas em Mato Grosso precisariam ter oferta de leite disponível por, pelo menos, 300 dias. No estado, o período chega a 240 dias. "Por enquanto não chegamos aos 300 dias por conta da genética, manejo e falta de conhecimento do produtor", considerou Casado.

Osciosidade
Superar a osciosidade das indústrias de beneficiamento também é desafio. Em 2011, as cooperativas, por exemplo, operaram 25% abaixo da capacidade, captando 41.2 mil litros/dia.

Já as indústrias particulares trabalharam 11% abaixo da capacidade, captando 22.1 mil litros/dia. A pesquisa do Imea abrangeu 368,4 milhões de litros, ou seja, 52% da produção anual do estado em 2010.

O estudo concluiu ainda que 82% dos entrevistados fazem a ordenha manual e apenas 18% mecânica. Os dados foram coletados durante o mês de setembro de 2011. Ao todo, foram selecionados 11 municípios de maior produção do estado, a exemplo de Pontes e Lacerda, Guarantã do Norte, Araputanga, Terra Nova do Norte, Cáceres, Rondonópolis, Alta Floresta, São José dos Quatro Marcos, Jauru e Mirassol do Oeste.





Fonte: Do G1 MT

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